Tóquio ; O terremoto de 8,9 graus seguido por tsunami que atingiu o Japão na sexta-feira (11/3)deixou mais de mil mortos e desaparecidos, segundo o último levantamento da polícia.
No total, 402 corpos já foram encontrados em diferentes localidades do norte e do leste do Japão, incluindo 200 no litoral de Sendai, na prefeitura de Miyagi, atingido por uma tsunami de 10 metros.
Além dos 402 mortos, há 673 desaparecidos e 991 feridos, informou a polícia às 06H45 local deste sábado, acrescentando que há dificuldades para se realizar uma avaliação precisa devido ao grande número de áreas atingidas.
A imprensa japonesa teme um grande número de mortos na ilha de Honshu, na costa nordeste do país, onde ondas monstruosas destruíram mais de 3.000 casas.
Os temores de que o número de mortos deve subir aumentaram depois que um navio com 100 pessoas a bordo foi arrastado, diversos trens estão desaparecidos, e uma represa rompeu, arrastando mais casas.
O ministro da defesa informou que em torno de 1.800 casas em Minamisoma, na prefeitura de Fukushima, estão destruídas, enquanto as autoridades do Sendai revelaram que 1.200 casas foram atingidas pelo tsunami.
Na pequena cidade de Ofunato, mais ao norte, 300 casas foram destruídas ou arrastadas.
Mais de 80 incêndios ocorrem nos arredores de Tóquio e nas prefeituras de Iwate, Miyagi, Akita e Fukushima, informou a Kyodo, citando o Departamento de Bombeiros japonês.
O terremoto foi o mais forte já registrado no país.
Evacuação
As zonas litorâneas foram evacuadas nas ilhas Marianas, assim como nas de Guam e no Havaí. A Colômbia constatou um aumento de 50 centímetros no nível do mar. No Equador, onde foi decretado estado de exceção, foi ordenada a evacuação das regiões ameaçadas.
[SAIBAMAIS]No Japão, ondas de 10 metros de altura quebraram no litoral da prefeitura (Estado) de Sendai enquanto vagas de sete metros atingiram a vizinha Fukushima, segundo a imprensa local.
O primeiro número oficial divulgado pela polícia nacional falava em pelo menos 40 mortos e 39 desaparecidos, além de 244 pessoas feridas. Mas os números começaram a subir rapidamente.
Sete horas após o sismo, o canal de televisão pública NHK anunciou que foram contados mais de 90 mortos.
Pouco depois, a agência de notícias Jiji relatou que 200 a 300 corpos foram descobertos numa praia de Sendai, na prefeitura de Miyagi, nordeste.
Um novo balanço da polícia falava em pelo menos 288 mortos e 349 desaparecidos.
Também em Sendai, um navio com cerca de cem pessoas a bordo foi levado pelas águas, ignorando-se o destino dos seus ocupantes .
Um trem de passageiros, com um número desconhecido de pessoas a bordo, também desapareceu na prefeitura de Miyagi após ter sido engolido por uma onda de dez metros, segundo a agência de notícias Kyodo, citando a políica.
As devastações "foram de uma proporção tão intensa que não tivemos temos de reunir elementos esparsos", informou um dirigente.
O governo se prepara para "destruições consideráveis". Despachou imediatamente navios e soldados para participar das operações de socorro, assim como aviões para observar a situação no local.
O governador da prefeitura vizinha de Fukushima ordenou agora à noite, hora local, a evacuação de 2.000 pessoas que moram num raio de 2 km em torno da central nuclear Fukushima No 1.
O ministério da Indústria informou que os 11 reatores nucleares da região pararam automaticamente.
Um começo de fogo foi observado no prédio onde fica a turbina da central nuclear de Onagawa situada em Miyagi. No entanto, não foi registrado nenhum vazamento radiativo nesta instalação nem nos outros sítios nucleares atingidos, segundo as autoridades.
As televisões nipônicas divulgavam ao vivo imagens de casas inundadas, de navios emborcados, de viaturas submersas pelas águas. Uma onda de lama e de destroços seguiu em grande velocidade através de campos e estradas, devastando tudo a sua passagem. Em alguns lugares, a água penetrou até cinco quilômetros pelo interior.
O abalo, de magnitude 8,9 na escala Richter, segundo o Instituto de Geofísica dos Estados Unidos (USGS) ; que apontou inicialmente 7,9 e depois 8,8 graus, antes de confirmar o número definitivo ;, aconteceu às 14h46 (2h46 de Brasília), a 24,4km de profundidade e a uma centena de quilômetros ao longo da cidade de Miyagi.
Segundo a Agência Meteorológica nipônica, trata-se do mais forte sismo jamais registrado no Japão
"Fomos sacudidos com tanta violência que foi preciso nos agarrarmos a alguma coisa para não cair", contou uma funcionária da municipalidade de Kurihara, a mais duramente tocada desta prefeitura.
"Não pudemos deixar o prédio porque os abalos se sucediam", disse ela por telefone à AFP.
Em Tóquio, a cerca de 380 km do epicentro, os arranha-céus, construídos sobre estruturas parassísmicas especiais, balançaram durante longos minutos.
Um teto desabou num prédio do centro de Tóquio, onde 600 estudantes participavam de uma cerimônia de diplomação, fazendo numerosos feridos, segundo os bombeiros e a mídia local.
Nos edifícios, os ascensores pararam automaticamente, enquanto milhões de pessoas corriam nas ruas.
Dezenas de incêndios foram observados na capital, onde há muitos feridos.
Na região de Tóquio, uma refinaria de petróleo estava em chamas em Iichihara.
O aeroporto internacional de Narita, a cerca de 50 quilômetros a leste de Tóquio, suspendeu o tráfego por várias horas, anunciando, à noite, que as operações recomeçavam progressivamente.
Os transportes ferroviários e rodoviários também foram interrompidos em grande parte do arquipélago, em particular em Tóquio e sua região, bloqueando milhões de pessoas que tomaram de assalto os hotéis da cidade, ou tentavam chegar as suas casas a pé.
Os trens expressos Shinkansen pararam em todo o nordeste e as estradas da região de Tóquio foram fechadas alguns minutos após o terremoto.
Também na capital nipônica, quatro milhões de lares estavam sem eletricidade.
Tremores secundários de forte potência, com magnitude superior a 6, e até 7, foram registrados em seguida e sentidos até na capital.
O Japão, situado na confluência de quatro placas tectônicas, sofre anualmente cerca de 20% dos tremores mais fortes recenseados na Terra.
Em 1923, a cidade de Tóquio havia sido devastada por um sismo maior, que fez 140.000 mortes.
Mais recentemente, em 1995, o sismo de Kobe (oeste) fez mais de 6.400 mortos.