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Japão vive a crise mais grave desde a Segunda Guerra, afirma premiê

Agência France-Presse
postado em 13/03/2011 09:15
Tóquio - O Japão vive sua mais grave crise desde a Segunda Guerra Mundial, declarou neste domingo o premier Naoto Kan, dois dias após o mais potente terremoto registrado no país.Em entrevista à imprensa, Naoto Kan também afirmou que a situação ainda é muito grave na usina nuclear de Fukushima 1.

O país enfrenta cortes de eletricidade em grande escala após o sismo, seguido de tsunami, uma tragédia que acarretou a paralisação de várias usinas nucleares. "Considero a situação atual, de certa forma, como a mais grave crise que enfrentamos nos últimos 65 anos", disse.

Horas antes, o governo admitiu que possa ter sido desencadeado um processo de fusão dos núcleos dos reatores 1 e 3 da central Fukushima 1 (a 250 km a nordeste de Tóquio).

"Pensamos ser altamente provável que se tenha desencadeado uma fusão", explicou o porta-voz do Governo, Yukio Edano.A fusão se produz por causa do superaquecimento das barras de combustível, que começam a derreter feito vela. No reator número 1, houve no sábado uma explosão que matou um técnico e feriu onze.A operadora Tepco admitiu neste domingo que os níveis de radiação do reator número 3 haviam superado os limites legais e que o sistema de refrigeração havia deixado de funcionar, o que pode causar uma explosão.

Duzentas mil pessoas já foram deslocadas para um raio de 20 km da usina nuclear - distância fixada até agora pelo primeiro-ministro.A Agência de Segurança Nuclear do Japão classificou o acidente no reator número um no nível 4, numa escala que vai até 7. O acidente de 1979 de Three Mile Island (Estados Unidos) foi de nível 5 e o de 1986 em Chernobyl (na Ucrânia), de 7.

Mais de 10.000 pessoas poderiam ter perdido a vida na prefeitura (Estado, província) de Miyagi (nordeste do Japão), a mais próxima ao epicentro, declarou neste domingo à imprensa o chefe da polícia local, Naoto Takeuchi.

[SAIBAMAIS]Nas primeiras horas de domingo, a Agência Nacional de Polícia anunciou o número oficial de 688 mortos, 642 desaparecidos e 1.570 feridos.

Na prefeitura de Miyagi não há informação sobre o paradeiro de 10.000 dos 17.000 habitantes da cidade portuária de Minamisanriku, informou a televisão NHK.

O arquipélago japonês está situado na zona de contato de três placas tectônicas sobre o "cinturão de fogo" do Pacífico.

Segundo o o Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS), a placa do Pacífico se ajusta anualmente cerca de 83 mm, mas um terremoto de grande magnitude pode movê-la consideravelmente, com consequências catastróficas.

Com isto, de acordo com o USGS, o terremoto de sexta-feira no Japão pode ter deslocado o arquipélago em 2,4 metros."Oito pés (2,4 metros) é um número importante", disse o sismólogo Paul Earle à AFP.

O sismo de magnitude 8,9, o mais potente registrado até agora no país.

O porta-voz do governo advertiu que o desastre terá impacto "considerável" na economia do país.

De acordo com a agência de notícias Kyodo, mais de 3.400 edifícios ficaram destruídos.

Ao menos 5,6 milhões de lares estão sem eletricidade e a companhia Tepco advertiu para a possibilidade de interrupção do serviço em Tóquio e arredores. Um milhão de casas estão sem água potável.

As primeiras equipes de socorro enviadas por Austrália, Nova Zelândia, Coreia do Sul, Suíça, Grã-Bretanha e Estados Unidos começaram a chegar neste domingo.

Segundo o primeiro-ministro japonês, até agora 12.000 pessoas foram resgatadas nas zonas sinistradas do litora do Pacífico, onde os mortos e desaparecidos são contados aos milhares.

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