Agência France-Presse
postado em 13/03/2011 21:56
Brega - As forças leais ao líder líbio Muamar Kadhafi avançaram este domingo em direção a Benghazi, bastião da oposição no leste, após reconquistar várias cidades, enquanto a comunidade internacional continuava debatendo a criação de uma zona de exclusão aérea. O exército da Líbia avançava para o leste para "limpar o resto do país" de rebeldes, declarou em Trípoli um de seus porta-vozes, o coronel Milad Hussein.A front se deslocou ainda mais para o leste, depois da ocupação de várias cidades pelas tropas de Kadhafi, que se declarou disposto a por um fim à insurreição apesar dos protestos e de sanções internacionais. Después de Al Uqaila, na estrada costeira, os soldados governamentais tomaram o controle de Al Busher e bombardearam a cidade de Brega, sítio petroleiro estratégico que fica a 240 km de Bengasi, comprovou um jornalista da AFP.
Dezenas de rebeldes fugiram da estratégica cidade de Brega em veículos que transportavam baterias antiaéreas para se posicionar em Ajdabiya, 80 km mais ao leste. "Os grupos terroristas fogem diante dos ataques. Libertamos Zauiya, Al Uqaila, Ras Lanuf, Brega e o exército avança para limpar o resto do país", declarou o coronel Hussein.
O comandante dos insurgentes, general Abdul Fatah Yunis, assegurou que defenderão Ajdabiya, uma cidade "vital" e "estratégica" para proteger Benghazi. "Ajdabiya é uma cidade vital e será defendida", assegurou o general Yunis, admitindo implicitamente que Brega, situada 240 km a sudoeste de Bengazhi, tinha caído nas mãos das forças do coronel Muamar Kadhafi.
Em Benghazi, quartel-general da insurreição, a euforia inicial foi sendo transformada em temor e a população se preparava para o pior. Todas as linhas telefônicas móveis estavam suspensas e a atenção, voltada para uma eventual ajuda externa.
"Os ocidentais vão nos salvar. Com a ajuda de Deus e a proibição de sobrevoar o país, vamos recuperar a iniciativa", afirmou Abdul Salam Elamari, funcionário de um escritório. Um bisneto do ex-rei Idriss I, Ahmed al Zubair el Senusi, que passou 31 anos nas prisões do regime por complô contra o dirigente líbio, fez um apelo neste sentido.
"Peço ao mundo que nos ajude, que nos dê todo o apoio possível, o quanto antes (...) Precisamos de armas e de toda a ajuda possível", declarou Senusi à AFP. Apesar do avanço das tropas leais a Kadhafi, a comunidade internacional não parece decidida a intervir.
A Alemanha não quer se envolver em uma guerra civil no norte da África, declarou o chefe da diplomacia alemã, Guido Westerwelle, ao comentar a posição da Liga Árabe com relação a uma zona de exclusão aérea na Líbia, um tema que continua suscitando "inquietações e reservas". No sábado, a Liga Árabe deu seu apoio à criação de uma zona de exclusão aérea para proteger o povo líbio.
Após as reuniões da Otan e da União Europeia (UE), que não conseguiram resultados concretos para deter a repressão, uma reunião do G8 está prevista para segunda-feira, em Paris. A secretária de Estado americana, Hillary Clinton, e seus colegas europeus devem analisar a questão da zona de exclusão aérea e se acertarem com o chanceler russo, Serguei Lavrov.
No domingo, a França anunciou que "acelerará seus esforços" nas "próximas horas" para fazer avançar o projeto de exclusão aérea, para o qual vários países exigem um mandato da ONU. No oeste do país, as tropas de Kadhafi ocuparam a cidade de Zauiya, o posto avançado rebelde mais próximo da capital. O regime comemorou "sua vitória" após duas semanas de combates.
A companhia petroleira nacional líbia anunciou que os portos petroleiros agora estão "seguros" e "operacionais", pedindo aos empregados do setor que voltem ao trabalho e às sociedades estrangeiras que reiniciem as exportações de petróleo.
Um responsável da Al-Qaeda, Abu Yahya al Libi, chamou os insurgentes a continuarem seu combate "sem hesitação e sem medo", em gravação de vídeo difundida por sites islamitas, na primeira reação desta rede terrorista desde o início da insurreição em 15 de fevereiro, que o coronel Kadhafi atribui a ela com frequência.