A Agência Internacional de Energia Atômica (Aiea), organismo das Nações Unidas (ONU), afirmou nesta segunda-feira (14/3) que é ;muito improvável; que o vazamento de radiação na Usina Nuclear de Fukushima, no Japão, tome as proporções de um acidente como o que ocorreu na usina de Chernobyl.
O acidente de Chernobyl, na Ucrânia, em 1986, fez com que uma nuvem de resíduos radioativos se espalhasse pela Europa. Em comunicado oficial, o diretor-geral da Aiea, o japonês Yukiya Amano, reafirmou que, até agora, os níveis da radiação que vazou dos reatores nucleares estão abaixo dos níveis considerados perigosos.
;Apesar das explosões de hidrogênio, os recipientes que abrigam os reatores, que são feitos para impedir grandes vazamentos de radioatividade, continuam intactos. Por isso, o vazamento é limitado;, afirmou Amano.
Crise
O Japão pediu ajuda à Aiea para lidar com a crise, depois que explosões prejudicaram o funcionamento de dois reatores da usina e uma falha na operação de resfriamento de emergência expôs os bastões de combustível nuclear do terceiro reator.
O sistema de resfriamento dos reatores nucleares da usina parou de funcionar em consequência do terremoto de 8,9 graus de magnitude na escala Richter, que atingiu o país na última sexta-feira (11).
Desde então, a empresa que opera a usina, Tokyo Electric Power (Tepco), pôs em prática um plano de emergência para injetar água do mar nos recipientes que abrigam os reatores e evitar o superaquecimento das instalações.
No sábado (12), uma explosão provocada pelo acúmulo de hidrogênio no reator número 1 deixou três funcionários feridos.
Terceiro
Na manhã desta segunda-feira, uma explosão no reator número 3 da usina, que já passava pelo processo de resfriamento, deixou 11 feridos, um deles em estado grave. Horas depois, a bomba que injetava água no reator número 2 ficou sem combustível.
O nível de água no reator 2 abaixou rapidamente, deixando as barras que armazenam o combustível nuclear completamente expostas por mais de uma hora.
Segundo a agência de notícias Kyodo News, a Tepco chegou a informar ao governo japonês que a situação era de emergência, temendo pelo derretimento do núcleo do reator. Para evitar que isso acontecesse, os técnicos da empresa tiveram que abrir um canal de ventilação para diminuir a pressão. O processo de resfriamento da instalação já foi retomado.
Evacuação
Dezenas de milhares de pessoas foram evacuadas das proximidades da usina e 22 estão sob tratamento por exposição à radiação, mas o governo descartou a possibilidade de aumentar a área de evacuação no momento.
As explosões na Usina de Fukushima causaram preocupação de diversos países do mundo com suas próprias instalações nucleares. Nesta segunda-feira, o primeiro-ministro da Índia, Manmohan Singh, disse ao Parlamento local que seu governo colocou a segurança nuclear do país como assunto da mais alta importância.
O diretor de Energia da União Europeia, Guenther Oettinger, disse que os eventos no Japão mostraram claramente que a Europa precisa repensar sua política energética. Os governos da Alemanha, Suíça e Áustria também anunciaram mudanças em seus programas nucleares.