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Atividade sísmica no Brasil não apresenta grandes riscos, diz especialista

postado em 14/03/2011 20:41

Lucas Barros, chefe do Observatório Sismológico da UnB: O tsunami que varreu a costa leste do Japão na última sexta-feira (11/3) reacendeu em todo o planeta o medo de terremotos e desastres ambientais. Com isso, o anúncio de um pequeno abalo sísmico na cidade de Mara Rosa (GO), no domingo (13/3), foi suficiente para alarmar moradores da região.

Mas, segundo o professor Lucas Vieira Barros, chefe do Observatório Sismológico da Universidade de Brasília (UnB), não há motivo para se esconder embaixo da cama: os tremores registrados não têm relação com o terremoto no mar japonês. "São eventos independentes. Estamos registrando eventos sísmicos no Brasil desde outubro do ano passado", conta.

Barros destaca três zonas de "sismicidade", ao norte dos estados de Mato Grosso, Goiás e Minas Gerais. Há cerca de cinco meses, um terremoto de 5 pontos na escala Richter, próximo à cidade de Uruaçu (GO), foi sentido na capital federal e causou a evacuação de prédios públicos.

Desde então, uma rede com cinco estações foi montada na região e já registrou mais de 200 pequenos tremores ; todos sem potencial destrutivo.

O professor enumera os fatores que contribuem para o impacto: "Em primeiro lugar, a magnitude do evento; em segundo, a profundidade do epicentro (origem) e a distância até os centros urbanos. Além disso, a qualidade das construções determina o tamanho do desastre".

Terremoto "desestressa" o planeta

A superfície do planeta é formada de grandes blocos de terra ; as chamadas placas tectônicas ;, que flutuam sobre o magma incandescente. O Japão fica próximo ao encontro de três placas: a Eurasiana, a das Filipinas e a do Pacífico.

O atrito na borda dessas placas gera uma grande quantidade de energia, responsável pelo surgimento de terremotos e vulcões. Nas palavras do professor Lucas Vieira Barros, essa energia vai sendo acumulada e é liberada de repente, "desestressando" o planeta. Por isso, é difícil que haja outro tremor semelhante na região, nos próximos anos.

O caso do Brasil é diferente, já que o país fica bem no centro da placa Sul-Americana. "Aqui, ocorrem pequenas rupturas dentro do bloco, mas o tremor é menos frequente e bem menos intenso", diferencia. Em compensação, tremores em terra firme atingem uma área maior que aqueles originados no mar, porque a energia se dissipa mais lentamente.

Tremor foi 15 vezes mais forte que o esperado

Os japoneses, acostumados com a atividade sísmica da região, desenvolveram diversas manobras para diminuir o estrago: barreiras contra maremoto, prédios reforçados, treinamento da população desde o ensino infantil, entre outros. Ainda assim, na análise de Barros, o terremoto da última sexta-feira (11/3) pegou o país de surpresa.

"Eles estão preparados para um evento de grau 7 ou 8, na escala." É o chamado sismo de projeto, que orienta a construção civil e as áreas de plantio. Mas, de acordo com os sismógrafos ao redor do mundo, o último tremor foi, pelo menos, 15 vezes mais forte que a média da região.

A escala Richter segue um cálculo logarítmico. Isso significa, em resumo, que um terremoto de grau 8 é 10 vezes mais forte que o de grau 7 e 10 vezes mais fraco que o de grau 9.

Em todo caso, o chefe do observatório da UnB deixa algumas dicas de como agir em situações semelhantes: "É fundamental manter a calma. Procure ficar longe de redes de alta tensão, que podem se romper. Corra para locais abertos ou se abrigue embaixo de mesas, portais, estruturas reforçadas".

Escala Richter
De 0,1 a 2,0: tremor é detectado pelos aparelhos de medição, mas imperceptível ao ser humano.
De 2,1 a 4,0: já é perceptível, mas não causa grandes danos.
De 4,1 a 6,0: causa danos moderados, sobretudo em estruturas mal planejadas.
De 6,1 em diante: causa danos graves. Se a origem é próxima da superfície, pode se estender por grandes áreas.
6,6 = maior terremoto já registrado no Brasil (1955, no Mato Grosso)
9,5 = maior terremoto já registrado na Terra (1960, México)

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