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Bombeiros do Distrito Federal vão ajudar na busca às vítimas do tsunami

Chances de encontrar sobreviventes diminuem a cada dia e risco de contaminação aumenta

postado em 15/03/2011 08:25
Em meio ao cenário de destruição causado pelo tsunami, as equipes de socorro trabalham contra o tempo no nordeste do Japão. As chances de encontrar sobreviventes são escassas e, por isso, elas precisam agir rápido. Nas primeiras buscas, a operação resgatou 15 mil pessoas. O pior terremoto a sacudir o país nos últimos 140 anos já deixou pelo menos 10 mil mortos e 19 mil desaparecidos, de acordo com estimativas. No fechamento desta edição, o governo japonês divulgou novo balanço contabilizando, oficialmente, ao menos 2.400 mortes. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), equipes de emergência de 13 países já estão no local para ajudar as autoridades locais. O Brasil pode se somar a esses esforços no salvamento das vítimas. Uma equipe com 30 homens do Corpo de Bombeiros do Distrito Federal se prepara para entrar em ação nos próximos dias.

De acordo com Paulo José Barbosa de Souza, coronel do Corpo de Bombeiros do DF e consultor do Grupo Internacional de Busca e Resgate da ONU, o tsunami torna qualquer resgate um verdadeiro desafio. ;Em um terremoto, você tem estruturas danificadas com um vácuo. Após um tsunami, os escombros ficam inundados, o que dificulta a sobrevivência. O volume e a velocidade da água arrastam e têm um grande poder de destruição;, afirma o especialista.

Em Sendai, uma das cidades mais atingidas pelo tsunami, o prefeito Emiko Okuyama declarou que a ajuda às vítimas é prioridade, porque ;a esperança de encontrar pessoas vivas quase desapareceu;. As equipes de resgate também precisam agir rapidamente para evitar o risco de contaminação da água e o surgimento de doenças. Enquanto os brigadistas procuram por sobreviventes, soldados japoneses já começaram o trabalho de remoção dos escombros e tentam chegar às áreas mais remotas, transportando alimentos e medicamentos. Por ordem do primeiro-ministro Naoto Kan, mais de 100 mil militares ; o equivalente a 40% do Exército japonês ; foram mobilizados para participar das operações de socorro.

Alcançar as regiões mais devastadas da região, onde os escombros deixaram o acesso limitado, também é um desafio para as equipes de resgate. Por causa das inundações e dos escombros, a locomoção é difícil. Além disso, as principais comunicações estão cortadas e faltam eletricidade e combustível. Ontem, mais 500 corpos foram localizados sob as ruínas, mas não puderam ser resgatados. Desde a sexta-feira, não há notícias dos 12 mil moradores da pequena cidade litorânea de Outsuchi. Entre as províncias mais afetadas, estão Ibaraki, Tochigi, Miyagi, Iwate e Fukushima.

Cruz Vermelha
Os moradores têm dificuldades para conseguir água e comida, e passam frio com as baixas temperaturas durante esta época do ano. ;Os mais velhos sofreram o golpe mais duro. O tsunami engoliu metade da cidade, e muitos permanecem tremendo incontrolavelmente debaixo dos cobertores. Eles estão sofrendo de hipotermia, presos em suas casas, sem água ou eletricidade;, declarou Patrick Fuller, do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), que está na cidade Ishinomaku. O organismo já arrecadou US$ 8 milhões para as vítimas do terremoto. Segundo o governo japonês, mais de 550 mil pessoas foram deslocadas de suas casas. Sobreviventes, idosos, crianças e feridos se juntam em abrigos.

Para Barbosa de Souza, o Japão dispõe de uma excelente estrutura para operações de resgate, mas a magnitude da catástrofe exigirá todo o apoio necessário da comunidade internacional. ;Eles são especialistas e estão preparados para uma situação como essa. O problema é que o abalo foi muito forte. Por isso, além de suas equipes, eles precisam de ajuda humanitária;, comenta o bombeiro. O envio de uma tropa brasileira da Força Nacional para ajudar no resgate no Japão chegou a ser noticiado, mas o Ministério da Justiça negou que existisse um plano de ação sobre o assunto. Cerca de 70 países já ofereceram assistência ao governo japonês.

A equipe do Corpo de Bombeiros do DF, especializada em estruturas colapsadas, deverá ficar 10 dias no Japão. Boa parte do grupo participou de uma missão de socorro após o terremoto que deixou 250 mil mortos no Haiti, em janeiro de 2010. ;Estamos apenas trabalhando na parte de logística, sobre como eles chegariam lá e em que condições, onde montar acampamento, esse tipo de coisa;, disse.

;OS JAPONESES SÃO TODOS IGUAIS;
O presidente da seção acreana da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Floriano Poersch, postou no microblogue Twitter uma infeliz declaração, poucas horas depois do terremoto: ;No Japão, como é que sabem quem está desaparecido? São todos iguais!! Rsrsrs;. Com a repercussão negativa em vários blogues, o advogado pediu perdão pouco depois, afirmando que havia se equivocado. ;Errei, e, por isso, peço desculpas;, afirmando que, por ser descendente de alemães, mais do que ninguém conhece as dificuldades dos japoneses. ;Não usaria uma tragédia para tripudiar. Brinquei, de mau gosto, na hora errada, e por isso peço desculpas.;

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