O Wikileaks, site de divulgação de informações consideradas sigilosas, vazou um documento que denuncia que o governo japonês já havia sido avisado pela vigilância nuclear internacional que suas usinas poderiam não ser capazes de resistir a terremotos. O relatório, assinado pelo embaixador Thomas Schieffer obtido pelo WikiLeaks foi publicado hoje pelo jornal britânico, The Guardian.
[SAIBAMAIS]O documento revela uma conversa de dezembro de 2008 entre o então deputado japonês, Taro Kono, e um grupo diplomático norte-americano teria durante um jantar. Segundo o relatório, um membro da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) disse que as normas de segurança estavam obsoletas para aguentar os fortes terremotos, o que significaria "um problema grave para as centrais nucleares". O texto diz ainda que o governo do Japão encobria custos e problemas associados a esse ramo da indústria.
Diante da recomendação da AIEA, o Japão criou um centro de resposta de emergência em Fukushima, capaz de suportar, apenas, tremores até magnitude 7,0.
Debilidade em sistema de resfriamento
Segundo reportagem do jornal The New York Times, a debilidade do sistema de resfriamento nos reatores "Mark 1", utilizados na Usina De Fukushima, é criticada por especialistas em energia nuclear, há décadas. O reator nuclear Mark 1 foi desenvolvido nos anos 1960 pela General Electric. Em 1972, Stephen H. Hanauer, então um oficial de segurança da Comissão de Energia Atômica, recomendou a interrupção da produção do Mark 1 devido aos altos riscos de segurança. Hanauer alertou que se o sistema de resfriamento viesse a falhar, o primeiro vaso de contenção ao redor do reator provavelmente arrebentaria conforme o combustível esquentasse. Radiação em altíssimo nível poderia então ser liberada.