Paris ; Começou a ação militar dos países ocidentais na Líbia. As Forças Armadas informaram que o primeiro disparo francês ocorreu às 13h45 (horário de Brasília) deste sábado (19/3).
Uma aeronave francesa disparou neste sábado contra um veículo "claramente identificado como pertencente às forças pró-Kadafi", indicou o porta-voz do Estado Maior das Forças Armadas, Thierry Bruckhard. Era "um veículo inimigo que ameaçava a população civil", completou.
Mais cedo, o mesmo porta-voz tinha indicado que "às 17h45 locais (13h45 de Brasília) foi efetuado um disparo contra um veículo das forças do líder líbio Muamar Kadafi".
Esse ataque do avião francês foi o primeiro em aplicação da resolução 1973 da ONU, adotada na quinta-feira (17/3) depois de árduas negociações e que autoriza o uso da força contra o regime do líder líbio para proteger a população civil.
O presidente da França, Nikolas Sarkozy, informara horas antes que aviões militares franceses sobrevoavam o território líbio para impedir ataques aéreos de Kadafi a Benghazi, reduto da oposição no leste do país.
Sarkozy afirmou ainda que os caças franceses Rafale estão "preparados" para intervir contra tanques de guerra.
"Em acordo com nossos parceiros, nossas forças aéreas farão oposição a qualquer agressão dos aviões do coronel Kadafi contra a população de Benghazi. Desde já nossos aviões impedem ataques aéreos contra essa cidade", afirmou Sarkozy ao fim de uma reunião de cúpula internacional extraordinária realizada em Paris.
"Outros aviões franceses já estão preparados para intervir contra tanques que ameaçarem civis desarmados", advertiu Sarkozy, anfitrião da cúpula realizada no Palácio do Eliseu, sede da presidência francesa, que reuniu ONU, Estados Unidos, Canadá e os principais países da União Europeia (UE) e da Liga Árabe.
Sarkozy afirmou que o líder líbio "ainda pode evitar o pior", caso respeite "rapidamente e sem reservas" a resolução da ONU. O presidente francês assegurou que "a porta da diplomacia" voltará a se abrir quando "cessarem" as agressões contra civis.
Depois de vários dias de árduas negociações, o Conselho de Segurança da ONU aprovou na noite de quinta-feira (17/3) uma resolução autorizando o uso da força contra as tropas de Kadafi.
O primeiro-ministro britânico, David Cameron, declarou neste sábado que "é hora de passar à ação" na Líbia, em uma entrevista concedida às emissoras de TV Sky News e BBC.
"Era o que Kadafi queria. Mentiu para a comunidade internacional ao prometer o cessar-fogo. Continua maltratando seu povo, por isso, é o momento de passar à ação de forma urgente", declarou Cameron.
"Devemos executar a vontade da ONU e não podemos permitir que se continue massacrando os civis", prosseguiu o chefe do Executivo britânico.
Vários países europeus, entre eles Bélgica, Holanda, Dinamarca e Noruega, além do governo árabe do Catar, confirmaram neste sábado durante a cúpula internacional sua participação no dispositivo militar na Líbia, indicaram fontes diplomáticas.
Missões de reconhecimento
Uma fonte militar francesa informou que os caça Rafale decolaram no início da tarde da base de Saint Dizier (leste de Paris), onde estavam estacionados. Essas "missões de reconhecimento" deverão durar toda a tarde de sábado.
Os Rafale não encontraram nenhuma dificuldade, depois de várias horas sobrevoando o território líbio, segundo a fonte. Esses aviões de combate foram concebidos para missões de bombardeio, reconhecimento e defesa aérea.
As aeronaves sobrevoavam a Líbia enquanto mais de 20 líderes da União Europeia, da Liga Árabe e da ONU estão reunidos em uma cúpula internacional extraordinária sobre a Líbia, aparentemente a última etapa diplomática antes do início de ataques aéreos contra o regime do líder líbio Muamar Kadafi, que está há quase 42 anos no poder.