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Coalizão derruba edifício de Kadhafi e afirma que cessar-fogo é mentira

Agência France-Presse
postado em 21/03/2011 08:40
TRÍPOLI - As explosões marcaram a noite de domingo e a madrugada desta segunda-feira (21/3) em Trípoli, onde um edifício do complexo residencial do ditador Muamar Kadhafi foi destruído por um míssil da coalizão ocidental, que no sábado iniciou uma ofensiva para conter os ataques contra a população civil nas zonas rebeldes.

O céu da capital foi tomado por aviões da coalizão procedentes de bases na Itália e pelos disparos da defesas antiaérea líbia.

Um porta-voz do Exército líbio anunciou no domingo um cessar-fogo, em resposta a um pedido da União Africana (UA), que solicitou o fim imediato das hostilidades".

Mas o conselheiro do presidente americano Barack Obama para a Segurança Nacional, Tom Donilon, afirmou que o anúncio líbio era "uma mentira" e que havia sido "imediatamente violado" pelas forças de Kadhafi.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, declarou esperar que a Líbia "cumpra a promessa".

A ofensiva da coalizão internacional contra o regime líbio destruiu no domingo um prédio do complexo residencial do líder Muamar Kadhafi, no bairro de Bab el Aziziya em Trípoli, mas os Estados Unidos descartaram qualquer tentativa de matar o ditador.

O prédio, situado a cerca de 50 metros da tenda onde Khadafi recebe geralmente seus convidados importantes, foi totalmente destruído.

Trata-se de um prédio administrativo que foi atingido por um míssil, confirmou o porta-voz do regime, Musa Ibrahim, aos jornalistas estrangeiros.

"Foi um bombardeio bárbaro, que poderia ter atingido centenas de civis congregados na residência de Muammar Khadafi, a cerca de 400 metros do prédio atingido", declarou Ibrahim, que denunciou as "contradições do discurso ocidental".

"Os países ocidentais dizem querer proteger os civis, mas atacam uma residência onde sabem que há civis no interior".

No Pentágono, o vice-almirante Bill Gortney garantiu que o objetivo dos ataques da coalizão não é o coronel Kadhafi.

"Posso garantir que (Kadhafi) não figura na lista dos nossos alvos. Não visamos sua residência", declarou o almirante.

Gortney afirmou ainda que "não há indícios de vítimas civis" nas regiões da Líbia atacadas por aviões e mísseis da coalizão.

O secretário da Defesa dos Estados Unidos, Robert Gates, assinalou que seria "insensato" matar Kadhafi na operação militar da coalizão para deter o regime em Trípoli.

"Acredito na importância de operarmos com base na resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas. Se começarmos a acrescentar objetivos, acredito que vamos gerar outro problema neste sentido. Não é sensato estabelecer metas que talvez não possamos atingir".

Fortes explosões sacudiram Trípoli na noite de domingo, incluindo o bairro de Bab el Aziziya, em meio ao fogo antiaéreo.

As forças britânicas confirmaram participação no domingo em "um ataque contra os sistemas líbios de defesa antiaérea", lançando do Mediterrâneo mísseis (de cruzeiro) Tomahawk de um submarino da classe Trafalgar.

Segundo o almirante Gortney, os ataques visam à defesa antiaérea líbia, que foi "fortemente atingida" pelos aviões e mísseis da coalizão, o que permite a instalação "efetiva" de uma zona de exclusão aérea sobre o país, como determina a resolução da ONU.

A principal ameaça aos aviões americanos, britânicos e franceses sobre a Líbia é constituída por mísseis terra-ar SA-5, baseados na região de Trípoli e alvo dos ataques da coalizão.

A destruição da capacidade antiaérea é fundamental para o estabelecimento da zona de exclusão aérea sobre a Líbia, como prevê a resolução 1973 do Conselho de Segurança das Nações Unidas.

A Itália negou que a coalizão internacional execute uma "guerra" contra a Líbia.

"Isto não deveria ser uma guerra contra a Líbia, e sim a aplicação na íntegra da resolução da ONU", declarou o ministro das Relações Exteriores italiano Franco Frattini à imprensa, antes de uma reunião dos chefes da diplomacia dos países da União Europeia (UE).

Pouco antes, o ministro das Relações Exteriores da Alemanha Guido Westerwelle afirmou que as críticas da Liga Árabe reforçaram as dúvidas de Berlim sobre os bombardeios na Líbia.

"Afirmamos de maneira clara desde o princípio que não participaríamos nesta operação da coalizão internacional", disse.

"Isto significa que consideramos haver riscos na operação em curso. E quando ouvimos o que disse a Liga Árabe ontem (domingo), lamentavelmente comprovamos que tínhamos motivos para estar preocupados".

O secretário-geral da Liga Árabe, o egípcio Amr Musa, criticou os bombardeios da coalizão internacional contra a Líbia, por considerar que se afastaram do objetivo de impor uma zona de exclusão aérea.

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