Mundo

EUA, GB, e França concordam que Otan desempenhe papel de comando na Libia

Agência France-Presse
postado em 22/03/2011 16:03

El Salvador - Já houve "redução significativa" dos voos americanos sobre a Líbia, afirmou o presidente americano, Barack Obama, nesta terça-feira, durante visita a El Salvador.

O presidente americano disse em coletiva de imprensa realizada em El Salvador que ele também acredita que Washington "em breve" poderá dizer que o objetivo de impor uma zona de exclusão aérea na Líbia foi atingido.

"Não tenho dúvidas de que nós poderemos transferir o controle desta operação para uma coalizão internacional", declarou Obama.

Forças americanas, francesas e britânicas lançaram ataques aéreos na Líbia durante o fim de semana como parte de uma operação humanitária para ajudar civis sob ataque das forças leais ao líder líbio Muamar Kadhafi.

Os Estados Unidos afirmaram que não haveria tropas terrestres americanas, e insistiu que a fase inicial da operação está focada em derrubar a defesa antiaérea líbia para que a zona de exclusão aérea pudesse operar efetivamente.

A segunda fase será garantir que a missão humanitária atinja seus objetivos.

Troca de comando

Os Estados Unidos, a França e a Grã-Bretanha decidiram deixar as indefinições de lado: chegaram a um acordo para que a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) exerça papel de importância no comando da operação militar da coalizão na Líbia, anunciou nesta terça-feira (22/3) a Casa Branca.

Ontem, durante visita ao Chile, o presidente Barack Obama já havia adiantado que a Otan iria passar a comandar as intervenções na Líbia (Veja saiba mais).

Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) assumirá o controle do embargo de armas ao regime líbio e está preparada para participar do estabelecimento de uma zona de exclusão aérea, anunciaram nesta terça-feira (22/3) seus países membros. Até agora muito divididos sobre o papel da Aliança na ofensiva contra Kadafi.

A Otan "decidiu que ficará encarregada de fazer com que seja efetivado o embargo de armas a partir do mar", indicaram à AFP fontes diplomáticas, durante o sétimo dia consecutivo de reuniões dedicadas à Líbia no quartel-general de Bruxelas.

O almirante Stavridis, comandante de operações, "mobiliza barcos e aviões no Mediterrâneo Central" para inspecionar e, "se necessário, interceptar" navios suspeitos de transportar armas ilegais ou mercenários, indicou depois o secretário-geral da Aliança, Anders Fogh Rasmussen.

A Otan contribuirá com meios aeronavais para monitorar o cumprimento desta medida decidida pelo Conselho de Segurança da ONU, nesta que será a sua primeira intervenção desde o início da ofensiva liderada por Estados Unidos, Grã-Bretanha e França contra o líder líbio Muamar Kadafi.

Líbios se reúnem em torno dos destroços de um avião de combate F-15 americano em Ghot Sultan, sudeste de Benghazi
Nesta terça-feira (22/3), dezenas de pessoas observam curiosas a carcaça calcinada de um caça americano que caiu na Líbia em uma área repleta de flores silvestres.

Acompanhados de seus filhos, os curiosos tentam escalar a carcaça do F-15 que caiu na segunda-feira à noite no nordeste da Líbia quando participava de um ataque contra a defesa anti-aérea líbia. Algumas tiravam fotos dos restos da aeronave com seus telefones celulares.

O nariz do avião ficou completamente destruído, deixando fios e parafusos à mostra. Na parte de trás da aeronave, os dois motores mantiveram a sua parte externa intacta.
[SAIBAMAIS]
Os dois pilotos do caça americano conseguiram se ejetar e foram recuperados, anunciou nesta terça-feira (22/3) o Exército americano, ressaltando que o acidente não foi causado por uma ação hostil.

Uma testemunha do acidente, Majdi Mohammed Abdeljalil, de 31 anos, funcionário de uma fazenda nas imediações, afirma como viu a aeronave no momento da queda.

"Nós a vimos cair por volta das 23h45 (segunda-feira)", disse Abdeljalil. "Ouvimos uma explosão alguns minutos depois, quando ele se chocou contra o solo".

"Vimos um piloto chegar à terra de longe e depois um helicóptero veio recuperá-lo rapidamente", disse.

Segundo ele, o segundo piloto foi levado para a sede do Conselho Nacional de Transição Líbio (CNT, que representa a oposição), em Abiyar, a leste de Benghazi, bastião dos rebeldes.

De acordo com Abdeljalil, "o piloto estava muito agitado e parecia estar com assustado".

A testemunha disse que não havia combate na região e nada indica que o avião tenha sido atingido.

"Não havia combate, o avião simplesmente caiu", afirmou.

"Os dois membros da tripulação se ejetaram de seu F-15E quando o avião teve um problema em seu equipamento no dia 21 de março, por volta das 22h30 no nordeste da Líbia", indicou em um comunicado o comando americano Africa Command, com sede na Alemanha, encarregado da coordenação das operações a partir de Stuttgart.

Ele assegurou que o piloto e seu copiloto estavam "salvos" e que haviam sofrido apenas ferimentos leves.

Durante uma entrevista coletiva à imprensa, o almirante Samuel Locklear, responsável pela coordenação das operações da coalizão, indicou que os dois membros da tripulação tinham sido recuperados "pelas forças da coalizão".

Um deles tinha sido recuperado por um Osprey, uma aeronave híbrida, ao mesmo tempo avião de transporte e helicóptero, disse à AFP uma autoridade militar americana que pediu para não ser identificada.

O outro membro da tripulação ficou com os moradores da área e foi deixado com as forças de oposição, segundo ele.

O copiloto foi recuperado por militares americanos em condição não indicadas, acrescentou uma outra autoridade do Pentágono, sem dar maiores detalhes.

Esta foi a primeira perda oficialmente reconhecida de uma aeronave da coalizão na Líbia.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação