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Cuba liberta os últimos opositores presos dos 75 condenados em 2003

Agência France-Presse
postado em 23/03/2011 15:23
Havana - Cuba libertou nesta quarta-feira (23/3) os dois últimos presos políticos dos 75 opositores condenados na onda de repressão conhecida como "Primavera negra" de 2003.

Félix Navarro e José Ferrer foram os últimos beneficiados pelo processo de libertação iniciado em julho de 2010, fruto do diálogo entre a Igreja católica e o governo, que tirou da prisão 52 dos 75 dissidentes que estavam na cadeia.

A libertação desses opositores, reclamada por governos e organismos internacionais, terminou quatro meses e meio depois do prazo anunciado pela Igreja, e depois que 40 dissidentes imigraram para a Espanha, sendo que 12 preferiram ficar na ilha.

A chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton, saudou as últimas libertações e incentivou Havana a continuar com esse processo e "fazer progressos na direção do pleno respeito dos direitos humanos".

Os 75 opositores foram detidos por ordem do então presidente cubano Fidel Castro no período de 18 a 20 de março de 2003, e condenados um mês depois em julgamentos sumários a penas entre 6 e 28 anos.

Mais de 20 presos foram libertados por motivos de saúde nos anos que seguiram.

O caso dos 75, a última grande onda repressiva contra opositores cubanos, considerados pelo governo "mercenários de Washington", provocou uma forte crítica da comunidade internacional e fez com que se congelasse a relação entre Cuba e União Europeia. Todos foram adotados pela Anistia Internacional como "presos de consciência".

"É um passo na boa direção para os direitos humanos em Cuba", declarou a Anistia nesta quarta-feira.

O acordo para a libertação ocorreu num momento em que Cuba sofria uma chuva de críticas pela morte, em 23 de fevereiro de 2010, do preso Orlando Zapata depois de 85 dias de greve de fome, o jejum iniciado pelo dissidente Guillermo Fariñas para reclamar a liberdade de seus companheiros e a perseguição oficial às Damas de Branco.

"Estamos muito emocionadas. Foi um processo lento, mas saíram todos", comemorou Bertha Soler, dirigente das Damas de Branco, as esposas dos presos políticos.

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