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Presidente iemenita diz que resistirá no poder após fracasso de negociações

Agência France-Presse
postado em 25/03/2011 14:16
SANAA - Um combativo presidente iemenita, Ali Abddulah Saleh, afirmou nesta sexta-feira a uma multidão de partidários em Sanaa que está disposto a resistir em seu posto, depois do fracasso das negociações com o general dissidente Mohsen Ali al Ahmar.

Soldados do exército, que patrulham as ruas na capital, dispararam para o ar, para impedir que os manifestantes pró-Saleh se aproximassem de um grupo de opositores reunidos na praça da Mudança, perto da Universidade, local de um protesto permanente há um mês para reclamar sua saída.

Milhares de manifestantes contrários ou favoráveis ao presidente Ali Abdullah Saleh ocuparam nesta sexta-feira as ruas de Sanaa, em meio a um forte dispositivo de segurança.

A oposição convocou um dia de protestos para exigir a renúncia do chefe de Estado, que está no poder há 32 anos. A multidão se concentrou simbolicamente na Praça da Mudança.

Ao mesmo tempo, muitos partidários do presidente se reuniram em outra praça próxima do palácio presidencial.

Em um discurso de tom vingativo, o chefe de Estado assegurou que não está disposto a ceder o poder à minoria de opositores, que classificou de "aventureiros e conspiradores".

Saleh saudou seus partidários, que invadiram um local próximo ao palácio presidencial, e assegurou que corresponde a eles escolher quem deve governar o Iêmen, país pobre de 24 milhões de habitantes.

"O povo quer Ali Abdullah Saleh", gritavam os partidários, exibindo retratos do presidente.

"Resistiremos, resistiremos", enfatizou Saleh a seus partidários, que contavam com vários chefes de tribos.

O presidente classificou a mobilização de "resposta voluntária" a seus detratores.

Saleh também repetiu a seus partidários que está disposto a entregar o poder, mas em mãos seguras, "não a mãos de vingativos e corruptas".

"Não podemos ceder o poder a uma ínfima minoria", insistiu, acrescentando que "são vocês que devem entregar o poder e não os demagogos e os anarquistas".

Não houve estimativas oficiais sobre o número de manifestantes nos dois lados, mas, segundo os correspondentes da imprensa, os dois comícios contaram com milhares de pessoas.

A aparição do presidente Saleh, debilitado por deserções no exército, nas tribos, na elite religiosa e em seu próprio partido, acontece um dia depois do fracasso de uma tentativa de conciliação com o homem forte do exército, que se somou à rebelião.

Segundo fontes próximas às discussões, o encontro de quinta entre o presidente e o general Mohsen Ali al Ahmar não conseguiu resolver a crise nem aproximar os pontos de vista.

Saleh, cada vez mais isolado ante a revolta popular no país, anunciou então que defenderá por "todos os meios possíveis" e fez um apelo aos militares que desertaram a "refletir".

O chefe de Estado também criticou a oposição parlamentar, que defende os protestos populares, ao considerar que, "inclusive se nos envolvermos em um acordo com eles (líderes da oposição), a situação será pior".

Mesmo assim, convidou os oficiais e militares que desertaram a se unirem à oposição, para que "reflitam" depois de terem cometido uma "estupidez".

O chefe de Estado aumentou as concessões, tendo chegado inclusive a prometer sair no final do ano, mas a oposição e o povo exigem que saia imediatamente.

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