Agência France-Presse
postado em 26/03/2011 15:54
Londres - Milhares de britânicos vindos de várias partes do país se manifestaram neste sábado no centro da capital, Londres, em um massivo protesto convocado pelos sindicatos contra o plano de austeridade do governo."Estamos satisfeitos. Milhares de pessoas, talvez meio milhão, participaram", estimou Paulo Nowak, da confederação de sindicatos britânicos, o Trades Union Congress (TUC).
Outro porta-voz da TUC estimou que entre 250.000 e 300.000 pessoas responderam à convocação para a manifestação. A polícia não forneceu cifras.
Os sindicatos destacaram o êxito da convocação, apesar de alguns confrontos com a polícia ocorridos à margem da passeata terem ofuscado o dia.
Esta concentração é a mais importante desde a realizada para protestar contra a guerra no Iraque, que reuniu um milhão de pessoas, e constitui o movimento de contestação mais social mais importante em décadas, concretamente desde a mobilização que acabaram causando a queda da primeira-ministra Margaret Thatcher.
A grande manifestação também contou com uma grande mobilização das forças de segurança, com mais de 4.500 policiais, a fim de evitar que se repitam os excessos da manifestações de estudantes celebradas no outono e que tanto surpreenderam os britânicos.
A pesar disso, ocorreram incidentes à margem da passeata. Vândalos, com o rosto cobertos, exibiram bandeiras negras e vermelhas e atacaram bens públicos e saquearam comércios e bancos na Oxford Street, uma das principais artérias comerciais da capital britânica.
Também jogaram coquetéis molotov contra as forças de segurança, segundo a polícia. As televisões mostraram imagens de pessoas jogaram coisas contra o hotel Ritz.
A passeata, em sua maior parte, transcorreu sem problemas, e contou com uma grande participação de famílias.
Ao passar diante do Parlamento e da residência do primeiro-ministro David Cameron, a multidão vaiou intensamente, e depois seguiu para o Hyde Park.
"Estou aqui porque o governo quer nos fazer pagar a conta do que os banqueiros fizeram. Eles estão construindo uma sociedade onde os ricos são cada vez mais ricos e os fracos estão cada vez mais desamparados", explicou Gillian Siddons, um aposentado de 60 anos.
O governo impôs ao país um plano de austeridade sem precedentes, com o congelamento do salário do funcionalismo e a eliminação de 300.000 empregos públicos.
O executivo de Cameron justifica estas medidas pela má situação econômica herdada do governo anterior e para equilibrar as contas públicas.