Os governos da França e da Grã-Bretanha emitiram nesta segunda-feira (28/3) um comunicado conjunto em que pedem a saída imediata do líder da Líbia, Muamar Kadafi, e que os rebeldes deem início à transição no país.
Na nota, o presidente francês, Nicolas Sarkozy, e o primeiro-ministro britânico, David Cameron, afirmam que, "nas palavras da resolução da Liga Árabe, o atual regime perdeu completamente sua legitimidade. Kadafi deve, portanto, deixar o poder imediatamente".
"Pedimos a todos os partidários dele [de Kadafi] que parem de apoiá-lo antes que seja tarde. Pedimos a todos os líbios que acreditam que Kadafi está levando a Líbia ao desastre a tomar a iniciativa, agora, para organizar um processo de transição."
Segundo Sarkozy e Cameron, a mudança na Líbia pode ser organizada pelo Conselho Nacional Interino de Transição (órgão formado pelos rebeldes, com sede na cidade de Benghazi), além de ;líderes da sociedade civil; e ;todos aqueles prontos para se juntar ao processo de transição para a democracia;.
"Nós os incentivamos a iniciar um diálogo político nacional, que levará a um processo de transição representativo, reforma constitucional e preparação para eleições livres e justas", disseram os líderes francês e britânico no comunicado.
Desde fevereiro, rebeldes tentam pôr fim aos mais de 40 anos de Kadafi no poder. A retaliação do líder líbio foi violenta e levou a o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) a aprovar a criação de uma zona de exclusão aérea para proteger os civis do país.
Reunião
Amanhã (29), representantes de vários países irão se reunir, em Londres, para uma conferência que vai discutir a situação da Líbia."Em Londres, nossos países vão se unir às Nações Unidas, à União Europeia, à União Africana, à Otan [Organização do Tratado do Atlântico Norte] e à Liga Árabe para analisar como podemos fornecer ajuda urgente e dar apoio às necessidades do povo da Líbia no futuro", disseram Sarkozy e Cameron.
A declaração conjunta também deixou claro que o objetivo da coalizão não é a ocupação militar da Líbia. "Uma solução duradoura só poderá ser a [solução] política que seja do povo líbio. Por isso o processo político que começará amanhã, em Londres, é tão importante. A conferência de Londres vai unir a comunidade internacional no apoio ao fim da ditadura violenta na Líbia e para ajudar a criar as condições nas quais o povo da Líbia possa escolher seu futuro."
Hoje, o ministro do Exterior da Rússia, Sergei Lavrov, disse que parte dos ataques aéreos da coalizão contra as forças do governo líbio vão além do objetivo de proteger civis e equivalem a uma interferência em uma guerra civil.
Lavrov disse, em Moscou, que os ataques aéreos estão dando apoio à insurgência armada, algo que, segundo ele, não foi sancionado pela ONU. O próprio regime de Khadafi sustenta isso e diz que civis vêm sendo mortos nos ataques da coalizão.
Também hoje, o governo do Catar reconheceu o Conselho Nacional Líbio, organizado pelos rebeldes, como o representante legítimo do país. Com isso, o Catar se tornou o segundo país depois da França, e a primeira nação árabe, a dar aos rebeldes o reconhecimento oficial.