Agência France-Presse
postado em 29/03/2011 18:57
Punta del Este - O aumento da demanda energética dos gigantes asiáticos desencadeará grandes transformações na logística e na geopolítica mundiais, considerou nesta terça-feira (29/3) o presidente da Petrobras, José Gabrielli, durante uma conferência no Uruguai.Gabrielli foi um dos oradores da conferência 2011 da Associação Regional de Empresas do Setor de petróleo, Gás e Biocombustíveis em América Latina e Caribe (Arpel) que começou nesta terça-feira no balneário uruguaio de Punta del Este (140 km a leste de Montevidéu).
"Temos uma incerteza para as condições de oferta nos próximos dois ou três anos na produção de cru mundial. O maior crescimento da demanda de cru está na China e na Índia", disse Gabrielli.
"Projetamos para o médio prazo uma redução do consumo per capita de derivados do petróleo nos Estados Unidos, na Europa e no Japão, mas o aumento da demanda chinesa, indiana, na África e na América Latina tende a criar grandes transformações na logística e na geopolítica mundial", acrescentou.
Gabrielli considerou que o aumento dos preços do petróleo nos últimos meses depende mais fortemente da volatilidade financeira nos mercados, ligada às baixas taxas de juros no mundo, do que uma redução da oferta no mercado petroleiro.
"A grande mudança" no setor nos últimos meses foi o desenvolvimento de técnicas "não convencionais" de extração de gás natural, o que permitiu mais do que duplicar o nível das reservas de gás dos Estados Unidos, disse.
"A crescente produção de gás não convencional mudou o cenário da oferta e reverteu as expectativas de maior dependência das importações de gás natural liquefeito", assegurou.
Por outro lado, segundo Gabrielli, "os preços altos do petróleo podem ter impactos muito positivos para o mercado de gás. Se os preços de cru permanecerem nos níveis atuais, as alternativas ao cru se tornam economicamente mais viáveis".
Apesar disso, previu "grandes mudanças e grande incerteza no curto prazo para projetos importantes na área de gás natural na América latina".