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Forças especiais e de inteligência são chave para conflito líbio

Agência France-Presse
postado em 30/03/2011 16:44

Paris - A presença de agentes de inteligência e de membros das forças especiais ocidentais entre os insurgentes líbios, previsível segundo os especialistas apesar de desmentida oficialmente, é uma das chaves do conflito.

Oficialmente, a coalizão não conta com homens em terra na Líbia. Mas no fim de fevereiro, a imprensa inglesa já falava da intervenção de homens do SAS - as forças especiais do exército britânico - para retirar centenas de funcionários de grandes companhias petroleiras isolados no deserto.

Desde então, a coalizão desmente qualquer envolvimento de agentes ocidentais entre os insurgentes líbios. Na Direção Geral da Segurança Externa (DGSE), os serviços de inteligência franceses limitam-se a repetir a fórmula habitual: "não comentamos nossas operações reais ou supostas".

No entanto, para os especialistas em espionagem, a presença em terra de agentes neste tipo de conflitos é "uma constante na história militar".

"Dado o caráter polêmico desta intervenção e às críticas do mundo árabe, é muito complicado mobilizar as chamadas forças convencionais", destaca Pascal Le Pautremat, especialista do mundo árabe e colaborador da revista "Défense" do Instituto de Altos Estudos de Defesa Nacional (IHEDN), com sede em Paris.

"É mais sensato fazer equipes pequenas intervirem, muito discretas, que aportem sua habilidade operacional em matéria de instrução, enquadramento e orientação puramente tática", completa.

Essas equipes teriam entre "cinco e doze pessoas" e contariam com potentes sistemas de transmissão. Seu objetivo seria "determinar alvos" para permitir aos aviões da coalizão afinar seus ataques. Esses agentes infiltrados operariam de noite para calibrar o potencial de homens e tanques das forças de Muamar Kadafi, e para aconselhar os insurgentes ou ensiná-los a operar armas antitanques.

Cuidado

A citada presença em terra é especialmente necessária caso se leve em conta que a coalizão quer evitar perdas civis.

"Quanto mais homens houver em terra, menos riscos há de se equivocar", comenta Pascal Le Pautremat.

Desde o início dos ataques na Líbia em 19 de março, a coalizão não informou nenhum incidente grave envolvendo civis, ao contrário do ocorrido na campanha no Afeganistão, onde as vítimas civis são contadas às centenas em meio à falta de informação.

A pergunta que se faz é se há espiões mobilizados em Benghazi, o reduto da oposição a Kadafi no leste do país.

"Nesse tipo de situações, é de prever que todo o serviço de inteligência digno desse nome esteja posicionado em Benghazi para ver o que ocorre ali", afirma um especialista da inteligência, que prefere não ser identificado.

Segundo ele, tratam-se de agentes e militares de países da coalizão, como Grã-Bretanha, França e Estados Unidos, e também de Alemanha, Rússia e Israel, dotados de serviços de inteligência muito fortes.

"De todas as formas", lembra Pascal Le Pautremat, "há elementos posicionados há anos na região, na África Ocidental e Central, e na região do Magreb, onde há um combate contra a AQMI (Al-Qaeda do Magreb Islâmico)".

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