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Chanceler de Kadafi renuncia ao chegar em Londres

Londres - O ministro líbio das Relações Exteriores, Mussa Kussa, anunciou sua demissão nesta quarta-feira (30/3), logo após chegar em Londres, informou o Foreign Office.

"Podemos confirmar que Mussa Kussa chegou ao aeroporto de Farnborough em 30 de março procedente de Túnis. Viajou por conta própria e nos disse que renunciou a suas funções" no governo de Muamar Kadafi, revelou o Foreign Office.

Homem de confiança

Chefe dos serviços de inteligência entre 1994 e 2009, Mussa Kussa, 59 anos, era uma importante figura do Comitê Revolucionário, espinha dorsal do regime líbio, e homem de confiança do coronel Muamar Kadafi.
[SAIBAMAIS]
Mussa Kussa ficou conhecido internacionalmente por seu papel na indenização das famílias das vítimas dos atentados de Lockerbie (1988, 270 mortos) e do DC-10 da UTA (1989, 170 mortos), o que permitiu a retomada das relações de Trípoli com o Ocidente.

O ministro chegou à Grã-Bretanha depois de uma visita de dois dias a Túnis, apresentada oficialmente como uma "visita privada".

"Musa Kusa é uma das principais figuras do governo de Kadafi e seu papel era representar o regime no exterior, o que já não quer fazer", especifica o texto do Foreign Office.

"Animamos aqueles do entorno de Kadafi a abandoná-lo e a optar por um futuro melhor para a Líbia, que permita uma transição política e uma verdadeira reforma que responda às aspirações do povo líbio", conclui o comunicado do Ministério de Relações Exteriores.

Guerra

As forças leais ao dirigente líbio Muamar Kadafi, no poder há 42 anos e confrontado por uma revolta desde 15 de fevereiro, reconquistaram nesta quarta-feira o porto petroleiro de Ras Lanuf, obrigando os rebeldes a mobilizar-se para o leste.

A renúncia do ministro é "muito significativa" e demonstra que os assessores do líder líbio estimam que o fim está próximo, afirmou um alto funcionário americano.

"Trata-se de uma renúncia muito significativa e um sinal de que os aliados de Kadafi acreditam que o fim do regime está próximo", disse o funcionário, que pediu para não ser identificado.