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Coalizão retoma bombardeios na Líbia, Kadafi reconquista cidade petroleira

Agência France-Presse
postado em 30/03/2011 20:07

Ajdabiya - A coalizão internacional bombardeou nesta quarta-feira (30/3) oposições das tropas leais ao líder líbio Muamar Kadafi, que chegaram a reconquistar a cidade produtora de petróleo de Ras Lanuf, obrigando os rebeldes a se retirarem para o leste.

A Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) anunciou que começou a assumir o comando das operações aéreas na Líbia para substituir os Estados Unidos à frente da coalizão, em uma transferência que, segundo a Aliança Atlântica, é "gradual".

Fogo

Pouco antes das 15h GMT (12hde Brasília), a coalizão realizou um ataque aéreo contra as forças de Kadafi a oeste de Ajdabiya. A vários quilômetros da cidade, uma enorme bola de fogo de várias dezenas de metros se ergueu no céu, seguida de uma imensa coluna de fumaça negra. O ataque foi comemorado por dezenas de rebeldes reunidos no acesso oeste de Ajdabiya, constatou a AFP.

À noite, o regime de Kadafi denunciou o "apoio" militar da coalizão "aos grupos armados da Al-Qaeda na região leste da Líbia" e o considerou "contrário às leis e normas internacionais que regem as relações entre os Estados".

Os insurgentes pediam insistentemente ajuda à coalizão internacional, que fez uma pausa nos ataques permitindo a recuperação das forças de Kadafi, que recuperaram nesta quarta-feira de manhã o porto petroleiro de Ras Lanuf e avançaram para Brega, 80 km a oeste de Ajdabiya.

Avanço

Além disso, segundo fontes rebeldes, Brega havia caído nas mãos do Exército do governo à tarde, informação que não pôde ser verificada até o momento, embora, em Ajdabiya, um jornalista da AFP tenha ouvido disparos de canhão procedentes da região de Brega, o que mostra o rápido avanço das forças de Kadafi pouco antes do ataque aéreo.

Ras Lanuf, 370 km a oeste de Benghazi, bastião rebelde no leste, estava em poder dos insurgentes desde 27 de março.

O avanço das tropas leais ao governo obrigou os rebeldes a retroceder para o leste, sob intensos disparos de tanques e de artilharia, primeiro em direção a Brega e, depois, contra Ajdabiya, de onde fugiam moradores e jornalistas.

Mais a oeste, em Misrata, as tropas leais a Kadafi efetuaram nesta quarta-feira uma ofensiva com tanques e foguetes, um dia depois de um ataque que, de acordo com a rebelião e um médico, matou 18 pessoas.

Durante os dois últimos dias, as forças do regime conseguiram interromper o avanço rebelde em um primeiro momento, e depois inverteram a situação em seu favor.

Os insurgentes pediam a retomada dos ataques aéreos à estrada de Sirte, cidade natal do coronel Kadafi.

As operações aéreas lançadas no dia 19 de março com a autorização da ONU são essenciais para a progressão dos rebeldes, mal equipados em comparação às forças de Kadafi.

"Queremos duas coisas", explicava à AFP o combatente Yunés Abdelghaim, segurando uma Kalashnikov e uma bandeira francesa próximo a Brega. "Que os aviões bombardeiem os tanques e a artilharia pesada de Kadafi, e que (a coalizão) nos dê armas para que possamos lutar".

Mas o tema do fornecimento de armas aos insurgentes divide a comunidade internacional.

Um porta-voz dos rebeldes líbios negou categoricamente que haja membros da Al-Qaeda em suas fileiras.

"Não temos esta organização na Líbia porque suas ideias são diferentes das nossas", declarou o coronel Ahmad Bani à imprensa em Benghazi.

O chefe militar da Otan afirmou na terça-feira que a Alianza detectou "sinais" da possível presença de militantes da Al-Qaeda e do movimento xiita libanês Hezbollah entre os rebeldes.

O ministro francês das Relações Exteriores, Alain Juppé, revelou as "primeiras deserções" no entorno de Kadafi. À noite, o ministro das Relações Exteriores líbio, Musa Kusa, anunciou a sua renúncia logo após a sua chegada a Londres, segundo o Foreign Office.

O Reino Unido anunciou a sua decisão de expulsar cinco diplomatas líbios.

No poder há 42 anos, Kadafi enfrenta um movimento de revolta desde 15 de fevereiro, ao qual acusa de agir a comando da Al-Qaeda, e se nega a deixar o poder.

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