Bruxelas - Após alguns dias de atraso, a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) finalmente assumiu nesta quinta-feira (31/3) o comando das operações na Líbia, incluindo os bombardeios contra alvos terrestres. A organização substitui os Estados Unidos à frente da coalizão internacional, que desde 19 de março cumpre a resolução 1973 do Conselho de Segurança da ONU para impedir que o ditador Muamar Kadafi massacre civis.
"Às 06h GMT (03h de Brasília) de quinta-feira, a Otan tomou o comando das operações aéreas internacionais na Líbia", anunciou o secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen.
[SAIBAMAIS]
"A Aliança dispõe de todos os meios necessários para conduzir suas missões sob a competência da operação ;Protetor Unificado;: o embargo das armas, a zona de exclusão aérea e as ações para proteger os civis e centros urbanos", acrescentou.
A autoridade da operação ficará a cargo do grande quartel-general da Aliança na Europa, em Mons (sul da Bélgica), e os bombardeios serão coordenados do centro regional de comando em Nápoles (sul da Itália) pelo general canadense Charles Bouchard.
Sem armas
O secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Anders Fogh Rasmussen, afirmou a jornalistas nesta quinta-feira (31/3) que é contra a ideia de fornecer armas aos rebeldes líbios e lembrou que a Aliança está no país para proteger, não armar, os líbios.
"Nós estamos lá para proteger o povo líbio, não para armar o povo", declarou Rasmussen.
"Até onde a Otan está sabe, e eu falo em nome da Otan, vamos nos concentrar no controle do embargo de armas e o objetivo claro de um embargo de armas é interromper o fluxo de armas no país", completou.
Proteção
"De acordo com o mandato estabelecido pela resolução 1973 da ONU", que autorizou a intervenção na Líbia, "a Otan concentra-se na proteção de civis e de zonas habitadas contra os ataques" das forças de Kadafi, explicou Rasmussen.
Entretanto, apenas alguns países membros participarão dos ataques aéreos.
CIA
Segundo informações da imprensa internacional, o presidente dos EUA, Barack Obama, enviou homens da CIA (agência de inteligência norte-americana) à Líbia para ajudar os rebeldes. O objetivo seria identificar alvos a serem destruídos e ajudar os insurgentes a operar armas. As informações não foram oficialmente confirmadas.
Entretanto, Obama já declarou publicamente, durante entrevista à TV NBC, que não descarta a possibilidade de entregar armas aos rebeldes, que tentam tirar o coronel Muamar Kadafi do poder. Kadafi governa a Líbia há 42 anos.
Divergências
Bélgica, França, Canadá, Dinamarca e Reino Unido, principalmente, estimam que a resolução do Conselho de Segurança da ONU permite continuar atacando legalmente as tropas do regime líbio que ameaçarem a população.
Outras nações, como Turquia e Holanda, não autorizaram seus aviões a participar dos bombardeios, embora suas forças estejam participando do controle ao embargo de armas e à zona de exclusão aérea.
Já a Alemanha e vários pequenos países aliados estão totalmente ausentes da missão na Líbia, por diferentes razões. No caso alemão, a decisão deve-se à falta de vontade política.
Na quarta-feira, a Otan começou a assumir o controle parcial das operações, mas a transferência não pôde ser concluída no mesmo dia devido à "grande complexidade" da missão, segundo fontes diplomáticas.
Com a entrada da Otan, os Estados Unidos poderão desempenhar um papel de segundo plano, como deseja o presidente Barack Obama, que quer evitar a qualquer custo um envolvimento além da conta em uma nova e cara operação militar.
Os aliados europeus poderão contar com Washington para solicitar recursos, - especialmente em matéria de informação e interferências -, explicaram as mesmas fontes.