Agência France-Presse
postado em 01/04/2011 14:42
BREGA - Os rebeldes líbios e as tropas leais ao coronel Muamar Kadhafi se enfrentavam nesta sexta-feira (1;/4) perto do porto petroleiro de Brega, no leste do país, mas as operações aéreas da coalizão internacional, por outro lado, precisaram ser suspensas devido às condições climáticas.Pela manhã, as principais batalhas ocorriam perto de Brega, mas pela primeira vez os jornalistas não puderam chegar ao local vindos de Ajdabiya, que fica a 80 quilômetros.
Neste momento, é impossível saber qual dos dois lados está controlando a cidade.
Segundo o comandante do Estado Maior americano, almirante Michael Mullen, "o maior problema (da coalizão) nos últimos três ou quatro dias foi o tempo".
"Isto reduziu, sem eliminar, a eficácia" dos aviões, que às vezes não conseguem "enxergar os alvos com precisão", explicou.
As condições meteorológicas permitiram às forças leais a Kadhafi lançar uma contraofensiva para o leste, segundo Mullen.
O chefe da diplomacia alemã, Guido Westerwelle, estimou em Pequim que o conflito líbio não pode ser resolvido pelas armas e pediu a Kadhafi um cessar-fogo.
"A situação na Líbia não pode ser solucionada por meios militares. Só pode haver uma solução política, e devemos colocar em prática um processo político", declarou.
Embora suas tropas tenham avançado nos últimos dias, Kadhafi sofreu um duro golpe político com a deserção e a fuga para Londres de seu ministro das Relações Exteriores, Mussa Kussa, uma das principais figuras do regime.
A deserção representa "um duro golpe" para o ditador, e mostra que seus colaboradores mais próximos já não confiam no regime, estimou um porta-voz da Casa Branca.
Nos últimos anos, Mussa Kussa, de 59 anos, colaborou ativamente para que a Líbia recuperasse um pouco do respeito no cenário internacional. Chegou ao cargo de ministro em março de 2009, depois de ter sido chefe do serviço secreto de 1994 a 2009.
O porta-voz do regime, Mussa Ibrahim, confirmou a demissão de Kussa, destacando que o governo "não depende de indivíduos" e afirmando que Kadhafi e seus filhos permanecerão no país "até o fim".
O jornal britânico The Guardian informou que um assessor próximo ao clã Kadhafi estava em negociações com o governo do Reino Unido, mas o Foreign Office recusou-se a comentar a informação.
Ainda de acordo com o jornal, membros do governo teriam se reunido com Mohammed Ismail, próximo a um dos filhos de Kadhafi, Saif al Islam.
Na quinta-feira, o coronel Kadhafi afirmou que os líderes ocidentais haviam "decidido lançar uma segunda cruzada entre muçulmanos e cristãos através do Mediterrâneo".
No mesmo dia, a Otan finalmente assumiu o comando de todas as operações da intervenção internacional, iniciada em 19 de março. Até então, Estados Unidos, França e Reino Unido coordenavam as operações.
De acordo com o secretário-geral da Aliança Atlântica, Anders Fogh Rasmussen, a missão na Líbia estará cumprida "quando não houver mais ameaças à população civil", mas é impossível dizer em que memento isto ocorrerá.
Rasmussen é contra à ideia de armar os rebeldes, estimando que a Otan está intervindo militarmente "para proteger o povo líbio, e não para armá-lo".