Agência France-Presse
postado em 09/04/2011 20:31
LIMA - Ollanta Humala, o ex-militar de esquerda favorito para o primeiro turno das eleições presidenciais deste domingo, no Peru, se disse inspirado pelo "sucesso" do governo do Brasil, marcando distância com o modelo venezuelano de Hugo Chavez, a quem seus adversários o associam.[SAIBAMAIS]Num encontro com a imprensa estrangeira, em Lima, ele defendeu seus antecedentes democráticos, o compromisso com a liberdade de imprensa, de expressão, de propriedade, resguardando-se de ser um candidato "contra o sistema", exceto "se o sistema for a injustiça social e a corrupção".
P: A referência a Chavez é sempre citada em relação ao senhor. Traria alguma iniciativa dele se for eleito presidente do Peru ?
R: "O presidente Hugo Chavez é presidente da Venezuela e merece respeito. Temos nossas diferenças; principalmente em relação ao modelo de governo na Venezuela que não é aplicável no Peru. Por exemplo, não acreditamos na reeleição do chefe de Estado, nem no controle da taxa de câmbio, ou num Banco Central dependente do executivo, e defenderemos a liberdade de imprensa. É preciso reconhecer tanto os sucessos quanto os erros observados na América Latina. O Brasil, que conseguiu se tornar uma das maiores economias, avançando na integração social e na democracia, é para mim o modelo de sucesso".
P: O Senhor fala de nacionalização, assustando os investidores...
R: "A nacionalização é para nós um conceito político, não econômico. Quando falamos em nacionalizar, falamos em estabelecer políticas públicas em setores estratégicos, como energia, para orientar o desenvolvimento, para que possa servir à educação, à saúde, a previdência - setores que são desconhecidos para a metade dos peruanos. Mas descarto categoricamente qualquer tipo de estatização. Defenderemos a propriedade, as instituições. A estabilidade do país deve se repousar em três pilares: o Estado, as comunidades, o capital. Hoje, ela é frágil, porque o Estado e o capital trabalham juntos, as comunidades estão de lado".
P: Compreende que há dúvidas sobre sua credibilidade democrática, por seu passado militar (nacionalista conservador) ?
R: "Pode haver. Mas se seguirem meu percurso desde que entrei na política (2005), sempre respeitei a ordem democrática, nosso partido (nacionalista) participa ativamente do Parlamento, tornando-se uma força de oposição, defendemos a liberdade de expressão, interviemos para evitar conflitos sociais. Temos um crédito democrático. Os peruanos têm consciência disso".