Agência France-Presse
postado em 10/04/2011 23:15
LIMA - O ex-militar de esquerda Ollanta Humala, que em 2006 passou no primeiro turno eleitoral no Peru, com um discurso radical, voltou a impor-se neste domingo; desta vez, com mensagem mais moderada, que convenceu a um terço do eleitorado, segundo projeções e pesquisas de boca de urna.Apressa-se, agora, para iniciar uma nova etapa - a preparação para o segundo turno no dia 5 de junho, no qual enfrentará possivelmente Keiko Fujimori, filha do ex-presidente preso Alberto Fujimori.
Quando apareceu em 2006 pela primeira vez como candidato, Humala se caracterizava por um estilo autoritário e dado ao confronto.
No primeiro turno, obteve, então, 30,6% dos votos, mas foi logo derrotado no segundo pelo presidente Alan García.
Do perfil anterior agora resta pouco ou quase nada: o ex-comandante do Ejército, de 48 anos, chegou à campanha com um estilo mais moderado .
Todos os adversários o acusaram de ser contra o sistema, pretendendo mudar o modelo econômico que transformou o Peru no país de maior crescimento na América Latina na última década.
Mas as críticas parecem ter despertado suas bases eleitorais, no sul andino, que conta com grande população indígena, e onde não chega a nova prosperidade.
Político atípico, Humala participou nos anos 90 do combate contra o Sendero Luminoso, tendo sido acusado de violência contra os direitos humanos, um assunto que a justiça investigou sem encontrar provas.
Em 2000 se sublevou junto com o irmão Antauro contra o governo do presidente Alberto Fujimori, já debilitado por acusações de corrupção. Ambos foram presos e anistiados depois.
Humala se viu envolvido depois num outro caso que protagonizou seu irmão Antauro em 1 de janeiro de 2005 ao tomar de assalto uma delegacia na cidade de Andahuaylas (sudeste), que acabou com a morte de quatro policiais, para exigir a renúncia do presidente de então, Alejandro Toledo.
Humala foi acusado de ser o artífice dessa ação; mas era adido militar na época, na embaixada da Coreia do Sul, tendo sido apresentada como prova de seu envolvimento uma comunicação de apoio ao irmão enviada de Seúl. Mas ele negou qualquer vínculo.
Atualmente, está distanciado de Antauro, que cumpre 25 anos de prisão pela ação em Andahuaylas. Também está afastado de outro irmão, Ulises, para quem Ollanta é "um chavista disfarçado".