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Mubarak, deposto após 30 anos no poder no Egito

Agência France-Presse
postado em 12/04/2011 19:52

CAIRO - O presidente Hosni Mubarak, internado nesta terça-feira (12/4) em uma unidade de tratamento intensivo após sofrer um ataque cardíaco durante um interrogatório, governou o Egito durante três décadas antes de ser deposto no dia 11 de fevereiro por uma revolta popular.

Mubarak deixou o poder em fevereiro após o início de um movimento iniciado em 25 de janeiro para denunciar os problemas no EgitoEste homem de 82 anos, que havia erguido a estabilidade de seu regime autoritário em um dogma, precisou deixar o poder frente a um movimento iniciado em 25 de janeiro para denunciar os problemas de seu país: desemprego, pobreza, corrupção, liberdades asfixiadas, violência policial.

Após 18 dias de manifestações, Mubarak entregou o poder ao exército e deixou o Cairo pelo balneário egípcio de Sharm el-Sheikh, no Mar Vermelho, onde foi posto em prisão domiciliar. Convocado pela justiça, assim como seus filhos Alaa e Gamal, no âmbito de investigações sobre corrupção e violência contra os manifestantes durante a rebelião, que deixou oficialmente 800 mortos e milhares de feridos, estava sendo interrogado nesta terça-feira quando sofreu um ataque cardíaco. Então foi hospitalizado em uma unidade de tratamento intensivo do Hospital Internacional de Sharm el-Sheikh.

Em março de 2010, Mubarak havia sido operado na Alemanha da vesícula biliar e de um pólipo no duodeno.

No domingo, saindo do silêncio pela primeira vez desde a sua queda, havia denunciado em uma mensagem sonora as "campanhas de difamação" e as "tentativas de atentar contra sua reputação e sua integridade".

Nesta mensagem ressaltou que nem ele nem sua esposa Suzanne tinham fortuna no exterior e que estava disposto a cooperar com a justiça. O regime de Mubarak esteve marcado por sua obstinada oposição aos pedidos de abertura do sistema, evocando o risco de uma desestabilização catastrófica de seu país.

Poucos se atreviam a apostar na permanência no poder deste homem sem grande carisma quando, em 1981, assumiu a sucessão de Anwar el Sadat, assassinado por islamitas. No entanto, Mubarak, ex-comandante da Força Aérea, conseguiu manter a estabilidade do Egito, e a de seu poder, aferrando-se a um sistema acusado de asfixiar a vida política.

Também se opôs ferreamente ao islamismo radical ao estilo da Al-Qaeda, embora não tenha conseguido impedir o fortalecimento de um islã tradicionalista inspirado no poderoso movimento da Irmandade Muçulmana.

De silhueta maciça, cabelos sempre negros, apesar da idade e olhar oculto com frequência por óculos de sol, tornou-se, com o passar dos anos, uma figura familiar das reuniões internacionais, impondo o Egito como um pilar moderado dentro do mundo árabe.

Pragmático, e habituado a viajar pelo país, manteve contra o vento e maré a posição de seu país no lado pró-americano e preservou os acordos de paz com Israel, que custaram a vida a seu predecessor.

Perfil

Mohamed Hosni Mubarak nasceu a 4 de maio de 1928 de uma família da pequena burguesia rural do delta do Nilo. Escalou os degraus de hierarquia militar até tornar-se comandante em chefe das forças aéreas, e depois vice-presidente, em abril de 1975. Durante sua longa carreira escapou de pelo menos seis tentativas de assassinato, e jamais levantou o estado de emergência instaurado desde que subiu ao poder.

A ascensão de seu filho mais novo Gamal, um empresário, alimentava até o início dos protestos as suspeitas de uma transmissão "hereditária" do poder na eleição presidencial programada para setembro de 2011. Ante numerosos apelos - incluindo dos Estados Unidos - em favor de uma abertura do sistema, Mubarak apresentava regularmente o cenário de uma desestabilização catastrófica do país árabe mais populoso, e chegou a dizer que sua renúncia levaria o "caos" ao Egito.

No entanto, o liberalismo econômico, que se acentuou nos últimos anos, permitiu iniciar a decolagem econômica, com o surgimento de "paladinos" egípcios nos campos das telecomunicações e da construção, fundamentalmente. Apesar disso, cerca de 40% dos 80 milhões de egípcios ainda vivem com menos de dois dólares diários, segundo estatísticas internacionais, enquanto o país é regularmente acusado de casos de corrupção.

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