BERLIM - A Otan pediu nesta quinta-feira (14/4) mais aviões de combate para apoiar as ações de França e Grã-Bretanha nos bombardeios na Líbia e prometeu proteger os civis pelo tempo que for necessário em uma reunião em Berlim em que os aliados exigiram a saída de Muamar Kadhafi. "Para evitar vítimas civis, precisamos de equipamento muito sofisticado e, em especial, mais aviões de combate, de alta precisão para atacar alvos terrestres em solo líbio", explicou o secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen, no encontro de chefes da diplomacia dos países membros.
Embora tenha se mostrado confiante de que os aliados apoiarão, Rasmussen admitiu que não conta até o momento "com uma promessa" de contribuição adicional à operação "Protetor Unificado" da Otan contra as forças de Kadhafi.
Paris e Londres, que assumem grande parte dos bombardeios a alvos terrestres na Líbia, apoiados por apenas quatro países -- Bélgica, Dinamarca, Noruega e Canadá --, pressionaram publicamente a Aliança Atlântica para que aumente seus esforços militares e evite um estancamento do conflito.
Mas a Espanha, que desde o início limita a sua participação na missão da Otan à aplicação do embargo de armas e da zona de exclusão aérea na Líbia, rejeitou um envolvimento maior. "É com isto que a Espanha contribui e este é o compromisso que a Espanha mantém, com algumas capacidades determinadas e com uma intervenção determinada", declarou em Berlim a ministra espanhola das Relações Exteriores, Trinidad Jiménez.
Outros três países - Itália, Holanda e Suécia - também colocaram à disposição da Otan vários aviões, mas sem autorizá-los a atacar alvos terrestres.
Quase um mês depois de a coalizão internacional ter decidido intervir na Líbia para proteger os civis das forças de Kadhafi e evitar a derrota dos rebeldes, a saída para o conflito continua sendo incerta. No momento, Rasmussen prometeu que a Otan manterá "a pressão pelo tempo que for necessário" para proteger os civis. Menos da metade dos 28 países membros da Otan participam militarmente da operação na Líbia.
Os Estados Unidos decidiram no início do mês passar para um segundo plano e entregar o comando das operações lideradas pela Otan para evitar abrir uma nova frente de batalha no exterior, depois de Iraque e Afeganistão.
Sua secretária de Estado, Hillary Clinton, assegurou em Berlim que seu país "apoiará com firmeza" a operação "Protetor Unificado" até conseguir a renúncia de Kadhafi.
Pela primeira vez, os membros da Otan, que se reuniram com os outros participantes da campanha na Líbia, exigiram conjuntamente que Kadhafi deixe o poder, ao aprovarem a declaração adotada na véspera pelo chamado Grupo de Contato sobre a Líbia, que reúne os países ocidentais e árabes envolvidos na campanha contra o regime. "Apoiamos os resultados da reunião do Grupo de Contato em Doha e o seu apelo para que Kadhafi deixe o poder", indicaram os ministros das Relações Exteriores em uma declaração conjunta.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, pediu uma solução "política" e um "cessar-fogo imediato", durante uma reunião internacional na sede da Liga Árabe no Cairo. Mas, por enquanto, a comunidade internacional ainda não tem um mapa do caminho que possa solucionar o conflito. O Grupo de Contato para a Líbia decidiu na quarta-feira criar um mecanismo de ajuda financeira para as forças rebeldes, mas não chegou a um consenso sobre a necessidade de também fornecer armas para apoiar sua luta.
A campanha dos aliados criou nesta quinta-feira uma nova divisão na comunidade internacional, quando a Rússia assegurou que a resolução da ONU que autorizou em 17 de março a intervenção militar na Líbia não permite bombardeios, algo que foi negado pela França.
O encontro de chefes da diplomacia da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), que se será realizada até sexta-feira, coincidiu com um violento confronto entre as forças de Kadhafi e os rebeldes em Ajdabiya (leste) ao mesmo tempo em que, em Trípoli, foi ouvida uma forte explosão próximo à residência do coronel.