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Milhares de manifestantes pedem a liberdade na Síria

Segundo agência oficial, a manifestação foi calma, mas a Human Rights Watch acusou os serviços de segurança sírios de torturar muitos manifestantes detidos desde o início dos protestos

Agência France-Presse
postado em 15/04/2011 16:58
DAMASCO - Dezenas de milhares de sírios se manifestaram nesta sexta-feira (15/4) contra o regime, apesar da libertação de manifestantes detidos desde o início do movimento de protesto no dia 15 de março e após a formação de um novo governo, responsável por empreender reformas. "Entre 2.500 e 3.000 pessoas se manifestaram na praça Al-Saraya, no centro de Deraa (sul), gritando slogans a favor da liberdade e hostis ao regime", afirmou à AFP um militante de direitos humanos que pediu o anonimato. Foi nesta cidade, situada 100 km ao sul de Damasco, que a revolta teve início. "Mais vale a morte que a humilhação", gritavam os manifestantes.

Em Qamishlo (nordeste, de maioria curda), cerca de 5 mil pessoas se manifestaram após a oração, afirmou à AFP outro militante de direitos humanos, Hasan Berro.

O protesto teve início na mesquita Qasmo, com manifestantes gritando slogans de solidariedade com as pessoas mortas durante a repressão dos recentes protestos em Deraa e Banias (noroeste). "De Qamishli a Haurane (sul), o povo sírio não se deixará humilhar", gritavam, enquanto agitavam bandeiras sírias. Em outras três localidades curdas, Raas al Ain, Amuda e Derbasiye, perto de Qamishli, houve cerca de 4.500 manifestantes, segundo Berro.

De acordo com militantes e testemunhas, centenas de pessoas protestaram em Banias gritando "o povo quer liberdade". Em Homs (centro), cerca de 4 mil manifestantes gritaram "liberdade, liberdade", segundo o militante político Najati Tayara. As forças de segurança intervieram após uma hora para dispersá-los com cassetetes.

Em Latakia, mil pessoas se reuniram no centro desta cidade costeira, onde a violência começou no fim de março, de acordo com um militante dos direitos humanos.

Em Jobar (norte), as forças de segurança dispersaram cerca de 2 mil manifestantes lançando bombas de gás lacrimogêneo.

Segundo o governo

A agência oficial Sana disse que houve na Síria "manifestações limitadas e calmas", durante as quais eram ouvidos slogans "a favor da Síria, da liberdade e em homenagem aos mártires, sem que as forças de segurança interviessem". Estas novas manifestações, convocadas pelos manifestantes no Facebook, ocorrem um dia após a formação de um novo governo.

Este gabinete, dirigido por Adel Safar, tem por objetivo implementar o programa de reformas que inclui o levantamento da lei de emergência, em vigor desde 1963, a liberalização da imprensa e a instauração do pluralismo político, medidas exigidas pelos manifestantes.

Os líderes dos principais ministérios, em especial da Defesa, Relações Exteriores e Petróleo, permanecem em seus cargos. Perante a imprensa em Berlim, a secretária americana de Estado, Hillary Clinton, exortou nesta sexta-feira a Síria a parar com a repressão das manifestações de opositores ao regime e a satisfazer as aspirações democráticas do país.

Tortura

A Human Rights Watch acusou, por sua vez, nesta quinta-feira, os serviços de segurança sírios de torturar muitos manifestantes detidos desde o início dos protestos. Segundo a Anistia Internacional, pelo menos 200 pessoas morreram na repressão, a maioria delas pelas forças de segurança ou por policiais à paisana.

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