postado em 16/04/2011 08:00
Ao fim de um julgamento que durou 303 dias, o Tribunal Penal Internacional (TPI) para a antiga Iugoslávia condenou ontem a 24 anos de prisão o ex-general croata Ante Gotovina por crimes de guerra e contra a humanidade, cometidos em 1995. Saudado por seus compatriotas como herói na guerra de independência (1991-1995), Gotovina, 63 anos, comandou a operação de quatro dias para retomada do controle do enclave fronteiriço de Krajina, dominado por sérvios. Pelo menos 150 civis sérvios morreram e até 200 mil foram deportados. No mesmo julgamento, o ex-general Mladen Markac foi condenado a18 anos de prisão. Já o ex-general Ivan Cermak foi absolvido e teve sua libertação decretada. O governo da Croácia reagiu à decisão, recebida com vaias por cerca de 4 mil pessoas reunidas na praça principal de Zagreb, a capital do país. ;Os juízes estabeleceram hoje (ontem) que os dirigentes croatas atuaram em uma iniciativa conjunta contra o direito internacional e as convenções da ONU (...) e para o governo croata isto é inaceitável", afirmou a primeira-ministra croata, Jadranka Kosor. A organização de defesa dos direitos humanos Anistia Internacional saudou, por sua vez, uma ;vitória importante para as vítimas da guerra na Croácia;.
Os três ex-generais, que vinham sendo julgados desde 11 de março de 2008, foram denunciados por assassinato, destruição, saques, tratamentos cruéis e transferência forçada de populações para a República da Iugoslávia ou para a Bósnia Herzegovina. Gotovina, Markac e Cermak, que se declararam inocentes, eram, segundo a acusação, responsáveis pela morte de 324 civis ou soldados que haviam entregado as armas e pelo deslocamento forçado de 90 mil sérvios de Krajina. ;É desnecessário dizer que apelaremos;, declarou Gregory Kehoe, um dos advogados de Gotovina, que disse estar ;decepcionado; e ;muito indignado;.