Agência France-Presse
postado em 16/04/2011 14:29
SANAA - Cerca de mil mulheres se manifestaram neste sábado na capital iemenita para protestar contra o presidente Ali Abdullah Saleh, que criticou a participação feminina nos protestos contra seu regime. "Protestos, protestos até que a queda do regime", cantavam as mulheres vestidas de negro que realizaram uma marcha a partir da Praça da Mudança, epicentro do movimento de contestação contra o regime, até a Promotoria, onde apresentaram uma queixa contra o presidente.Em mensagem a seus partidários concentrados em Sanaa, e apelando para a fibra religiosa dos iemenitas, Saleh criticou na sexta a participação das mulheres nos protestos contra o regime, ao considerar que isso é contrário à Sharia (lei islâmica).
Em sua queixa, as mulheres exigem "ser reabilitadas pelo preconceito e a afronta causada por Ali Abdullah Saleh em seu discurso", explicou aos jornalistas uma das manifestantes.
A Promotoria-Geral ordenou a abertura de uma investigação, segundo ela.
Antes do início do movimento de contestação, "Saleh se apresentava como o defensor dos direitos da mulher, apoiando a igualdade com os homens a ponto de propor 41 cadeiras para as mulheres no Parlamento" (em contraste com a única atual), recordou à AFP uma das manifestantes, Un al Hasan.
Manifestações similares foram realizadas em Taez e Ibb, duas cidades do sul e sudoeste de Sanaa, respectivamente.
O Iêmen é um país pobre e de estrutura tribal, no qual as mulheres são obrigadas a usar o véu islâmico, apesar de serem permitidas a se misturar aos homens, principalmente na função pública e a universidade.