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Rebeldes avançam em região de Ajdabiya, na Líbia

Agência France-Presse
postado em 16/04/2011 19:58

MISRATA - Os rebeldes líbios seguiam avançando neste sábado a partir do oeste de Ajdabiya (leste da Líbia) e os confrontos também prosseguiam em Misrata, onde, segundo defensores dos direitos humanos, as forças de Muamar Kadhafi utilizaram bombas de fragmentação em zonas residenciais.

Em Misrata, sitiada pelas forças de Khadafi há dois meses, os combates deixaram seis mortos e 31 feridos, segundo fontes médicas. Na sexta-feira, outras 13 pessoas foram mortas nos combates.

"Hoje (sábado) tem sido muito difícil, há muitos feridos", incluindo crianças, disse à AFP Paolo Grosso, um médico italiano enviado para a Líbia pela associação Emergency.

Um fotógrafo da AFP observou restos bem visíveis do uso de bombas de fragmentação em vários bairros da Misrata, confirmando assim a denúncia realizada na sexta-feira pela organização de defesa dos Direitos Humanos Human Rights Watch (HRW) sobre o uso de bombas de fragmentação pelas forças leais ao coronel Kadafi durante os confrontos sangrentos nesta cidade, localizada 200 km a leste de Trípoli.

"É indigno que a Líbia use esse tipo de bomba, principalmente nas zonas residenciais", declarou, em um comunicado, Steve Goose, diretor da seção de armas da HRW.

O regime de Khadafi negou o uso destas bombas. "De nenhuma maneira. Nem moralmente, nem legalmente podemos fazer isso contra nossa população civil. Quando estas bombas são utilizadas, as provas são mantidas durante dias e semanas", disse Mussa Ibrahim, porta-voz do governo, aos repórteres.

Para Ibrahim, as alegações da HRW são "surrealistas". "Se baseiam nos testemunhos dos rebeldes ou em ligações telefônicas para os seus escritórios nas capitais europeias", afirmou.

As bombas de fragmentação, proibidas internacionalmente desde 2010, podem matar ou mutilar a dezenas de metros imediatamente, ou posteriormente, se alguma das bombas não explodir logo.

No plano humanitário, a ONG Médicos Sem Fronteiras anunciou a evacuação neste sábado de 99 feridos para o porto tunisiano de Zarzis.

A Organização Internacional para as Migrações (OIM) anunciou também neste sábado a saída de uma segunda embarcação para continuar com a evacuação de milhares de emigrantes amontoados em um campo próximo ao porto de Misrata.

Além disso, intensos combates entre rebeldes e forças leais a Kadhafi ocorriam a oeste da cidade de Ajdabiya (leste), onde os rebeldes avançavam em direção à cidade petrolífera de Brega.

De acordo com fontes médicas, foguetes disparados pelas forças de Khadafi contra posições dos rebeldes mataram pelo menos seis pessoas e feriram outras 20.

Morteiros, foguetes e armas automáticas eram utilizadas nos combates, segundo um jornalista da AFP.

Os insurgentes mudaram suas posições após os bombardeios da Otan contra forças do governo, e encontram-se agora a cerca de 35 km de Brega.

Os aviões da Otan intensificaram os bombardeios na região nos últimos três dias. Para os rebeldes, bombardeiam a fim de abrir caminho e facilitar seu avanço em direção a Brega.

Os Estados Unidos retiraram cerca de 50 aviões de combate das operações da Líbia na semana passada após perder o controle da missão à Otan, embora desde então tenham participado de algumas missões para neutralizar os sistemas de defesa antiaérea de Kadhafi.

Até o momento, apenas seis dos 28 países da Otan estão realizando ataques aéreos. Cerca de metade destaes ataques estão a cargo de França e Grã-Bretanha, enquanto a outra metade é realizada por Bélgica, Dinamarca, Noruega e Canadá.

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