postado em 19/04/2011 14:43
HAVANA - O primeiro vice-presidente cubano, José Ramón Machado, de 80 anos de idade, foi eleito nesta terça-feira (19/4) para o segundo posto da cúpula do Partido Comunista de Cuba (PCC), consagrando a velha guarda linha dura do partido único no poder. Com esta escolha, Machado, que é médico de profissão, torna-se o sucessor designado de Raúl Castro, consolidando-se como número dois de todos os poderes.José Ramón Machado ocupa desde 1990 o estratégico posto de organizador do PCC. Foi designado no VI Congresso do Partido segundo secretário do seleto Bureau Político no lugar de Raúl, que assumiu a liderança do país em substituição ao irmão, Fidel, que deixou o poder por motivos de saúde em julho de 2006.
[SAIBAMAIS]Homem de pouco carisma e poucas palavras, conhecido pela linha dura dentro do PCC e pela fidelidade canina ao clã Castro, Machado recebeu junto com seu novo cargo a missão de apoiar o presidente em seu plano de reformas, com o qual tenta "atualizar" o modelo socialista e salvar a revolução.
Sua nomeação reafirma a dirigência histórica que monopoliza o poder em Cuba - num momento em que, paradoxalmente, Raúl Castro participa de seu último Congresso do PCC, que periodicamente define as bases do futuro cubano.
Machado combateu nas montanhas da Sierra Maestra sob o comando de Fidel Castro, Ernesto Che Guevara e Raúl Castro, tendo sido um dos primeiros ministros de Saúde Pública depois da revolução (1960-67).
O novo segundo secretário do PCC trabalhou como assistente de Fidel Castro e chefiou os serviços médicos das Forças Armadas Revolucionárias (FAR).
É membro do seleto Bureau Político do PCC desde 1975, deputado desde a abertura do Parlamento, em 1976, e um dos vice-presidentes do Conselho de Estado desde 1986.
Em fevereiro de 2008, quando Raúl assumiu formalmente a presidência após quase dois anos como interino, em meio à nebulosa situação da saúde de seu irmão, Machado foi eleito surpreendentemente primeiro vice-presidente do Conselho de Estado e do Conselho de Ministros, o que, constitucionalmente o habilita para substituir o presidente como chefe de Estado em caso de doença ou morte.
"Não resta dúvida de que, por sua trajetória e convicções revolucionárias, experiência, preparação, qualidades como dirigente e ser humano, ele reúne os requisitos para desempenhar estes altos cargos", indicou na época Raúl Castro.
Quando adoeceu, em julho de 2006, Fidel delegou todos os poderes a Raúl e incluiu Machado em uma equipe designada para acompanhar o governo do irmão.
Machado, que desde 2008 representa Cuba em compromissos e fóruns internacionais importantes, pronunciou um discurso no lugar do atual presidente na última festa revolucionária do 26 de julho, quando anunciou que as mudanças seriam feitas "passo a passo", "sem improvisos ou precipitações, para não haver erros".
"Agiremos sem soluções populistas, demagogas ou enganosas", destacou então, ao falar sobre as expectativas do povo cubano por mudanças mais aceleradas.