Agência France-Presse
postado em 20/04/2011 17:38
PORTO PRÍNCIPE - Michel Martelly, que será nomeado novo presidente do Haiti nesta quarta-feira, considera que a reconstrução de seu país é de uma "lentidão desesperadora", mas como não há maioria no Parlamento, não terá margem de manobra para realizar a mudança radical prometida.O ex-cantor, conhecido no passado por seu comportamento explosivo nos palcos, não estará em Porto Príncipe para celebrar a vitória com seus partidários.
Dada a importância das relações do Haiti com os Estados Unidos, Martelly deixou a ilha na terça-feira, antes da proclamação dos resultados definitivos, para realizar uma visita de três dias a Washington.
Eleito com 67% dos votos no segundo turno das eleições, segundo os resultados preliminares revelados há duas semanas, Martelly conta apenas com três deputados de seu partido no Parlamento, segundo estimativas.
Por outro lado, o partido Inité, do atual presidente René Preval, foi o único a obter uma leve maioria na Câmara baixa, com cerca de 34 deputados de 99, segundo o líder do partido, o senador Joseph Lambert.
O Inité atualmente negocia com outros grupos políticos para formar uma coalizão majoritária no Parlamento, acrescentou Lambert.
Pelo fato de o primeiro-ministro e o gabinete político do novo presidente haitiano terem de ser aprovados pelo Parlamento, o mais provável é que o governo de Martelly, chamado de "Tet Kalé" (cabeça calva), seja fortemente influenciado pelo Inité.
No Senado, o panorama é semelhante: dos 30 senadores da Câmara alta, 16 são do partido de Preval, segundo Lambert.
O Conselho Eleitoral Provisório (CEP) não indicou ainda a hora precisa para a divulgação dos resultados definitivos das eleições legislativas e presidenciais, que já foi adiada em duas ocasiões.
Martelly, de 50 anos, que não tem experiência política, tem se esforçado para mostrar que vai fazer tudo para cumprir suas promessas de mudança.
Depois de ter se reunido com o novo presidente nesta quarta-feira, a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, saudou "sua insistência sobre o povo e suas necessidades, e seu esforço para ser claro sobre o que pretende fazer em nome dos haitianos".