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Juíza convoca cardeal argentino como testemunha de assassinato de padre

Agência France-Presse
postado em 20/04/2011 21:11
BUENOS AIRES - Uma juíza francesa convocou como testemunha o cardeal primaz da Argentina e arcebispo de Buenos Aires, Jorge Bergoglio, como parte de um processo sobre o assassinato do padre Gabriel Longueville - nascido na França - durante a ditadura argentina (1976/83). A informação foi dada nesta quarta-feira à AFP pela advogada da família da vítima.

"A juíza de instrução Sylvie Caillard, do Tribunal de Paris, entrou com uma rogatória (solicitação feita por um juiz ou tribunal de um país ao de outro, para que determine o cumprimento de certos atos processuais), para poder interrogar como testemunhas várias pessoas", informou a advogada francesa Sophie Thonon, de passagem por Buenos Aires. Explicou que, "como representante supremo da Igreja Católica argentina, o cardeal deve dizer se existem arquivos na Argentina ou em poder do Vaticano sobre o caso".

O sacerdote Longueville junto com o padre Carlos de Dios Murias (argentino) foram sequestrados, torturados e fuzilados no dia 18 de julho de 1976, na cidade de Chamical, na província de Rioja, onde realizavam trabalhos religiosos.

Dias mais tarde, quando regressava de uma missa em memória destes sacerdotes, morreu o bispo de Rioja, Enrique Angelelli, num episódio que a ditadura quis fazer passar por acidente de trânsito, mas que a Justiça considerou homicídio.

Angelelli levava consigo uma pasta com documentação sobre o assassinato dos dois padres e que desapareceu. Pelo assassinato de Angelelli estão processados o ex-ditador Jorge Videla, que cumpre prisão perpétua por outros crimes contra os direitos humanos, e seu ex-ministro do Interior, Albano Harguindeguy. Dezoito franceses foram vítimas de terrorismo de Estado durante a ditadura argentina.

Além de Longueville, outras duas vítimas francesas foram identificadas até agora, a freira Léonie Duquet, em 2005, e Yves Domergue em 2010.

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