Nicósia - Pelo menos 88 pessoas morreram vítimas de disparos das forças de segurança contra milhares de manifestantes contrários ao regime que foram às ruas nesta sexta-feira (22/4) na Síria, segundo as entidades de defesa de direitos humanos que organizaram os protestos em várias cidades do país.
[SAIBAMAIS]Diversos ativistas dos direitos humanos da Síria também publicaram listas provisórias registrando a morte de mais de 70 pessoas por todo o país nesta sexta-feira. Mais cedo, testemunhas e ativistas tinham reportado ao menos 38 mortes.
Dezenas de milhares de pessoas participaram hoje de uma das mais importantes manifestações desde o início das revoltas sem precedentes no país, em 15 de março. A suspensão na quinta-feira, por parte do presidente Bashar al-Assad, do estado de emergência, em vigor desde 1963, não impediu a grande mobilização: dezenas de milhares de manifestantes em Homs, 10.000 em Deraa, pelo menos 5.000 em Qamishli (noreste) e milhares em Duma, perto de Damasco, segundo testemunhas.
Pelo menos 14 pessoas morreram na localidade de Ezreh, na província de Deraa (ao sul de Damasco), epicentro dos protestos contra o regime de Bashar al Assad lançados em 15 de março, informaram testemunhas. Uma décima quinta vítima morreu em Hirak, também na província de Deraa. Outras nove morreram em Duma, a 15 km ao norte de Damasco, segundo as fontes.
Duas pessoas morreram em Barzeh, uma em Harasta e três em Maadamiya, localidades da periferia de Damasco, completaram as testemunhas. Mais duas pessoas morreram em Hama, 210 km ao norte de Damasco, duas em Latakia, o principal porto do país localizado a 350 km a noroeste de Damasco, e quatro na cidade de Homs (centro). Além disso, várias dezenas de pessoas ficaram feridas por disparos das forças da ordem.
Segundo o militante dos direitos humanos, Nauar Al Omar, a força pública abriu fogo em Homs "para dispersar três grupos de manifestantes que se dirigiam à praça central". Em Banias, nordeste da Síria, 10.000 pessoas protestavam, informou um dignitário religioso da cidade, ouvido por telefone.
Os manifestantes, entre eles árabes, curdos e cristãos siríacos, afluíam à mesquita Qasmo, agitando bandeiras sírias. Alguns levavam faixas com os dizeres: "árabes, siríacos e curdos contra a corrupção". Outros gritavam em língua curda "liberdade, fraternidade".
O presidente sírio promulgou na quinta-feira o decreto que suspende o estado de emergência, em vigor desde 1963. Os opositores consideraram a medida insuficiente. A Casa Branca pediu nesta sexta-feira o fim da violência na Síria, dizendo estar "muito preocupada" com a situação no país.
"Deploramos o uso da violência", disse o porta-voz da Casa Branca Jay Carney, completando que os Estados Unidos controlam a situação na Síria muito de perto. "Pedimos ao governo sírio que cumpra suas promessas e tome ações no sentido de realizar as reformas concretas que foram prometidas", completou Carney, falando a jornalistas a bordo do avião presidencial Air Force One.