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Tiroteios durante funerais deixam ao menos 8 mortos na Síria

Agência France-Presse
postado em 23/04/2011 11:04
Nicósia - Ao menos oito pessoas morreram neste sábado (23/4) na Síria durante funerais das vítimas da repressão contra opositores do regime ditatorial na sexta-feira, que deixou 80 mortos, suscitando indignação da comunidade internacional.

Dois deputados sírios, Nasser Hariri e Khalil Rifai, afirmaram neste sábado à emissora Al-Jazeera que renunciaram a seus cargos no Parlamento para protestar contra a sangrenta repressão das manifestações contra o regime.

De Washington a Bruxelas, passando pela ONU e Moscou, puderam ser ouvidas vozes de indignação, pedindo reformas ao regime de Damasco.

A Rússia, importante aliada da Síria, pediu que o país acelere as reformas e promova diálogo, dizendo estar "preocupada com a intensificação das tensões e dos sinais de confrontação que causam sofrimento a pessoas inocentes", escreveu o Ministério de Relações Exteriores russo em comunicado.

"Estamos firmemente convencidos de que apenas o diálogo construtivo e uma aceleração das reformas políticas, sociais e econômicas de grande amplitude (...) podem permitir um desenvolvimento estável e democrático", completou o ministério.

Dezenas de milhares de pessoas em luto participaram neste sábado dos funerais das vítimas da repressão na sexta-feira, sobretudo em Duma, a 15 km de Damasco, e na província de Deraa, centro dos protestos que ocorrem no país há mais de um mês, a 100 km a capital síria.

Na região de Deraa, as forças de segurança mataram cinco pessoas, quando se dirigiam aos funerais dos "18 mártires de sexta-feira em Ezreh", perto de Deraa, afirmou um militante.

Os funerais ocorreram depois da oração do meio-dia e foram seguidos de uma gigantesca manifestação contra o poder, informou.

A maioria dos comércios está fechada em Deraa em sinal de luto, segundo o militante.

Por outro lado, em Damasco e em seus arredores, o funeral de nove pessoas ocorrerá depois das orações, um no centro de Midame, três no bairro de Barzé e cinco na localidade de Hasrata, segundo Abdel Karim Rihaui, presidente da Liga Síria dos Direitos Humanos.

A sexta-feira registrou os maiores protestos e foi um dos dias mais sangrentos desde o início do movimento rebelde que exige a queda do regime de Bashar al Asad, em 15 de março.

O Comitê dos Mártires da Revolução, grupo de militantes formado para contabilizar as vítimas do movimento de rebelião, publicou uma lista com os nomes de 82 pessoas mortas por disparos das forças de segurança, entre as quais crianças e idosos, segundo um comunicado enviado à AFP.

O comitê assegurou que está dando andamento a verificações sobretudo em Latakia, principal porto sírio a 350 km a noroeste de Damasco, onde o "balanço (de mortos) pode ser muito elevado".

Outro grupo de direitos humanos falava em 92 mortos em um comunicado publicado em seu site.

A sexta-feira foi o dia mais sangrento desde o início dos protestos, junto com 23 de março, quando mais de 100 pessoas morreram em Deraa.

A agência oficial Sana deu conta de "oito mortos e 20 feridos entre os quais membros das forças de segurança em um ataque de grupos criminosos em Ezreh" e "de dois policiais mortos e 11 feridos por grupos armados em Homus e Damasco".

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