Agência France-Presse
postado em 23/04/2011 12:08
Misrata - Fortes confrontos mataram ao menos 10 pessoas na cidade líbia de Misrata neste sábado (23/4), afirmou um médico à AFP no hospital lotado por conta do volume de vítimas, depois de o regime de Muamar Kadhafi ter dado um ultimato a seu exército para tomar essa cidade.Os Estados Unidos, paralelamente, disseram ter realizado seu primeiro ataque com avião não tripulado em mais de um mês de conflito.
Ao menos 10 pessoas morreram e 50 ficaram feridas em Misrata durante confrontos de rua após os ataques aéreos da Otan próximos a um complexo na capital Trípoli, onde Kadhafi reside.
"Desde as oito horas da manhã, nós recebemos 10 mortos e 50 feridos, o que normalmente é um número do dia inteiro", disse o médico Khalid Abu Salra, no hospital Al-Hikma, nessa cidade portuária do oeste do país.
"Estamos esgotados, faltam pessoal e remédios", destacou.
As ambulâncias chegavam a cada três ou quatro minutos, principalmente com soldados de Kadhafi feridos, enquanto o pessoal do hospital limpava freneticamente as macas manchadas de sangue, constatou um jornalista da AFP.
Misrata tem sido palco de guerrilha urbana entre forças pró-Kadhafi e rebeldes há mais de seis semanas.
Os confrontos deste sábado na cidade portuária ocorreram depois de o regime de Kadhafi ter dado a seu exército um "ultimato" para conter a rebelião na cidade, localizada a 200 km a leste da capital.
O vice-chanceler, Khaled Kaim, disse: "houve um ultimato para o exército líbio: se eles não resolverem o problema em Misrata, então as pessoas das cidades vizinhas de Zliten, Tarhuma, Bani Walid e Tawargha vão intervir e conversar com os rebeldes".
"Se não se renderem, entrarão no confronto", disse a jornalistas.
Hamed al-Hasi, coronel que coordenada os rebeldes da cidade de Ajdabiya disse que a decisão significa que os insurgentes começaram a vencer a guerra.
"Esse foi o primeiro prego do caixão de Kadhafi. Isso significa que o exército líbio não é mais capaz", disse à AFP.
Os Estados Unidos promoveram seu primeiro ataque com o drone Predator na Líbia no início da tarde deste sábado, informou o Pentágono, sem dar detalhes sobre a localização dos alvos.
Mais cedo, a Otan promoveu ataques contra a residência de Kadhafi em Bab al-Aziziya, no centro de Trípoli, no que aparentava ser um bunker.
A agência oficial Jana informou que duas pessoas morreram nos ataques da Otan na noite de sexta-feira em Zintan, região do sudeste de Trípoli. Os aviões da Otan continuavam a sobrevoar Trípoli neste sábado.
Paralelamente, um alto oficial militar afirmou que os ataques aéreos das forças aliadas destruíram de 30% a 40% das forças de Kadhafi, afirmando que o conflito estava progredindo para um impasse.
"Tenho certeza de que as forças da Otan continuarão a destruir a capacidade militar das forças do regime", disse o almirante Michael Mullen.
Rebeldes reclamaram que civis estão sendo mortos em locais como Misrata, onde ruas inteiras foram pulverizadas com tiros e bombardeios.
França, Itália e Inglaterra anunciaram que enviariam soldados para o leste da Líbia, mas apenas para auxiliar os rebeldes em questões técnicas, logísticas e organizacionais, e não para entrar em combate.
O presidente francês, Nicolás Sarkozy, declarou sua intenção de seguir os paços do senador americano John McCain e visitar Benghazi.