Agência France-Presse
postado em 23/04/2011 12:11
Nicósia - Ao menos treze pessoas morreram neste sábado (23/4)_ na Síria durante funerais das vítimas da repressão contra opositores do regime ditatorial na sexta-feira, que deixou 80 mortos, suscitando indignação da comunidade internacional.Dois deputados sírios, Nasser Hariri e Khalil Rifai, afirmaram neste sábado à emissora Al-Jazeera que renunciaram a seus cargos no Parlamento para protestar contra a sangrenta repressão das manifestações contra o regime.
De Washington a Bruxelas, passando pela ONU e Moscou, puderam ser ouvidas vozes de indignação, pedindo reformas ao regime de Damasco.
A Rússia, importante aliada da Síria, pediu que o país acelere as reformas e promova diálogo, dizendo estar "preocupada com a intensificação das tensões e dos sinais de confrontação que causam sofrimento a pessoas inocentes", escreveu o Ministério de Relações Exteriores russo em comunicado.
"Estamos firmemente convencidos de que apenas o diálogo construtivo e uma aceleração das reformas políticas, sociais e econômicas de grande amplitude (...) podem permitir um desenvolvimento estável e democrático", completou o ministério.
Dezenas de milhares de pessoas em luto participaram neste sábado dos funerais das vítimas da repressão na sexta-feira, sobretudo em Duma, a 15 km de Damasco, e na província de Deraa, centro dos protestos que ocorrem no país há mais de um mês, a 100 km a capital síria.
Na região de Deraa, as forças de segurança mataram cinco pessoas, quando se dirigiam aos funerais dos "18 mártires de sexta-feira em Ezreh", perto de Deraa, afirmou um militante.
Os funerais ocorreram depois da oração do meio-dia e foram seguidos de uma gigantesca manifestação contra o poder, informou.
A maioria dos comércios está fechada em Deraa em sinal de luto, segundo o militante.
Em Duma, a 5 km ao norte da capital síria, outras cinco pessoas morreram por disparos de franco-atiradores escondidos em edifícios localizados por onde passava o cortejo fúnebre que se dirigia à mesquita do cemitério, disseram testemunhas e um ativista dos direitos humanos contatados por telefone pela AFP.
Segundo outros militantes, ao menos três pessoas morreram pelos disparos das forças de segurança no bairro de Barzeh, em Damasco.
A sexta-feira foi o dia mais sangrento desde o início dos protestos que exigem a queda do regime de Bashar al Asad, junto com 23 de março, quando mais de 100 pessoas morreram em Deraa.
O Comitê de Direitos Humanos sírio, com base em Londres, publicou uma lista neste sábado com 112 mortos pela repressão na sexta-feira, alguns dos quais não foram identificados.