Agência France-Presse
postado em 26/04/2011 11:59
Washington - Militantes da Al-Qaeda preparavam novos ataques após os atentados do 11 de setembro de 2001, antes de serem detidos e enviados a Guantánamo, segundo documentos obtidos pelo site WikiLeaks e revelados nesta terça-feira (26/4). O jornal New York Times, um dos meios de comunicação que teve acesso aos documentos, informa que um pequeno grupo ligado ao cérebro dos atentados de 11/9, Khalid Sheikh Mohammed, tentava executar ataques com armas de destruição em massa.Segundo o NYT, Saifullah Paracha, de 63 anos, um dos 172 presos ainda detidos em Guantánamo, pretendia transportar explosivos plásticos aos Estados Unidos em contêineres com roupas femininas e infantis. "O detento desejava ajudar a Al-Qaeda a fazer algo grande contra os Estados Unidos", afirmou um dos conspiradores, Ammar al-Baluchi, aos interrogadores, de acordo com os arquivos citados pelo jornal. Paracha cogitou obter armas biológicas ou nucleares, mas estava preocupado com os detectores nos portos, que poderiam dificultar o contrabando de materiais radioativos ao país, segundo o documento.
Os documentos vazados detalham os planos de Mohammed e outros membros da Al-Qaeda, entre eles a ideia de atacar com aviões a costa oeste dos Estados Unidos, explodir um apartamento com um vazamento de gás, detonar postos de gasolina e, inclusive, cortar os cabos que sustentam a ponte do Brooklyn em Nova York.
Supostamente, Mohammed afirmou aos interrogadores que uma bomba nuclear estava escondida em algum lugar da Europa para ser utilizada se o líder da Al-Qaeda, Osama bin Laden, fosse capturado ou assassinado. Também disse ter criado duas células para atacar o aeroporto londrino de Heathrow em 2002, com a intenção de explodir um avião sequestrado em um terminal.
Segundo os informes, Paracha continuou planejando ataques após os atentados de 11 de setembro de 2001 e, de acordo com um documento publicado pelo jornal, afirmou ter se reunido com o cientista nuclear Abdul Qadir Khan, pai do programa nuclear do Paquistão. Também tinha um diário digital com referências aos efeitos das armas químicas nos seres humanos, segundo o NYT.
Grupos de defesa dos direitos humanos criticaram a prisão de Guantánamo - criada depois dos atentados de 11/9 para receber os suspeitos detidos no Afeganistão e em outros lugares - por considerá-la um buraco negro legal.
O jornal cita ainda David Remes, advogado de Paracha, que negou que o cliente representasse um alto risco para os Estados Unidos. "A ideia de que ele alguma vez tenha feito algo que justificasse a detenção ou que alguma vez tenha sido, ou seja, uma ameaça para Estados Unidos é ridícula", disse Remes. "É um homem de 63 anos com uma condição cardíaca grave e diabetes severa. Não fez mais que colaborar com as autoridades".
O presidente Barack Obama tentou fechar a controversa prisão de Guantánamo e seu governo denunciou a "infeliz" revelação dos documentos confidenciais.