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General John Allen substitui Petraeus no Afeganistão

Agência France-Presse
postado em 28/04/2011 17:13
Washington - O general americano John Allen, nomeado para suceder a David Petraeus à frente da coalizão no Afeganistão, é um dos homens-chave da estratégia vitoriosa dos Estados Unidos no Iraque e o primeiro fuzileiro naval a comandar um dos conflitos posteriores ao 11 de setembro.

Esse general três estrelas de cabelos cortados rente e semblante rigoroso é, desde meados de 2008, o segundo a comandar o Centcom, ordem americana encarregada da supervisão das operações em todo o Oriente Médio e Ásia Central.

Por esta razão, o Afeganistão lhe é familiar, mesmo que sua atenção neste cargo esteja voltada principalmente ao Irã.

Mas foi no Iraque que este oficial discreto de 57 anos, coberto de diplomas, ganhou suas condecorações.

Posicionado no oeste do país entre 2006 e 2008, ele criou muitos laços com chefes tribais sunitas, conseguindo jogá-los contra a Al Qaeda ao invés de as forças americanas combatê-los.

Essa estratégia conhecida como "Despertar de Anbar", em conjunto com grandes reforços, foi, em seguida, estendida para todo o Iraque pelo general David Petraeus, comandante da coalizão no Iraque de quem é próximo, e permitiu melhorar a segurança do país.

"O despertar de Anbar foi verdadeiramente determinante para a redução da violência e, no início, essa estratégia era muito polêmica, já que implicava negociar com o inimigo", explicou à AFP Stephen Biddle, especialista do Conselho de Relações Exteriores, um centro de estudos de Washington.

No Afeganistão, ele ficará encarregado de transferir pouco a pouco a tarefa de segurança às forças afegãs, ao começar a retirada de 100 mil soldados americanos até o fim de 2014 e ao enfraquecer a insurreição talibã.

Diplomado pela Escola naval em 1976, o general Allen continuou sua formação acadêmica ao longo de sua carreira, especializando-se nas questões de segurança nacional e de inteligência estratégica.

Ele figurou ainda entre especialistas de vários centros de análise de Washington, antes de começar a ensinar ciências políticas na Escola Naval e, depois, se tornar vice-diretor da entidade no início dos anos 2000.

À frente de um batalhão de fuzileiros, ele participou, em particular, da gestão do fluxo de refugiados cubanos e haitianos em 1994 na base de Guantanamo, em Cuba, antes de se unir à força de manutenção de paz na Bósnia, após o Acordo de Dayton do fim de 1995.

Esse intelectual, que gostaria de ter sido arqueólogo, se não tivesse seguido carreira militar, segundo Thomas Ricks, autor da obra The Gamble (A Aposta) sobre a guerra do Iraque, também ocupou o posto de diretor para Ásia e Pacífico da secretaria de Defesa.

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