Agência France-Presse
postado em 29/04/2011 16:59
Damasco - Mais de 50 sírios foram mortos, quando dezenas de milhares de manifestantes se reuniram para um "dia da ira" depois das orações de sexta-feira, desafiando os avisos de severas medidas de repressão, denunciaram ativistas de direitos humanos.Protestos contra o regime do presidente Bashar al-Assad foram realizados nas cidades mais importantes do país, segundo testemunhas, em manifestações pró-democracia após a oração muçulmana semanal, realizada às sextas-feiras.
Pelo menos 32 civis foram mortos na cidade-berço dos protestos, em Daraa, afirmou o Observatório Sírio para Direitos Humanos, sediado em Londres, acrescentando que tinha uma lista de nomes dos mortos confirmados.
Autoridades militares afirmaram que quatro soldados também foram mortos e dois capturados por "terroristas armados" em Daraa, apesar de um ativista de direitos humanos da cidade do sul ter afirmado que os homens tinham sido mortos ao defender os manifestantes.
Em Homs, pelo menos 15 civis foram mortos na cidade industrial, segundo o Observatório, atualizando um balanço feito mais cedo por um ativista.
Segundo o ministério do Interior, três membros das forças de segurança também foram mortos em Homs.
"Três policiais... foram baleados e mortos hoje após terem sido alvos de grupos extremistas terroristas quando desempenhavam as suas funções", afirmou a agência de notícias oficial Sana, citando uma fonte do ministério.
O Observatório informou que uma pessoa também foi morta na cidade portuária mediterrânea de Latakia.
Em Genebra, o Conselho de Direitos Humanos da ONU endossou uma convocação dos EUA para uma missão de investigação sobre o derramamento de sangue ao votar a favor de uma resolução condenando a repressão aos protestos.
A resolução "condena de forma inequívoca o uso da violência letal contra manifestantes pacíficos pelas autoridades sírias... e insta o governo sírio a pôr um fim imediato a todas as violações dos direitos humanos".
Os Estados Unidos, por sua vez, bloquearam os bens do poderoso irmão do presidente Assad, Maher, de vários outros funcionários e dos serviços de inteligência da Síria.
Antes do derramamento de sangue desta sexta-feira, os dissidentes afirmaram que as forças de segurança, utilizando munições reais e gás lacrimogêneo, já mataram mais de 450 pessoas desde o início das manifestações a favor da democracia, em meados de março.
Os protestos desta sexta-feira ocorreram enquanto a União Europeia se reunia em Bruxelas para examinar uma ampla gama de sanções contra Damasco.
A convocação para as manifestações em massa foi divulgada em uma página no Facebook, A Revolução Síria 2011, um motor dos protestos através do qual os manifestantes inspirados por rebeliões em todo o mundo árabe estão buscando mais liberdade.