Agência France-Presse
postado em 29/04/2011 19:25
Damasco - Os Estados Unidos e a União Europeia decidiram adotar sanções contra a Síria, onde as forças de ordem mataram 62 manifestantes nesta sexta-feira, segundo militantes dos direitos humanos.As autoridades locais reprovaram, por sua vez, a morte de nove militares e policiais.
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, impôs sanções econômicas contra várias entidades administrativas do regime sírio e funcionários, entre eles Maher, irmão do presidente Bashar al-Assad, anunciou nesta sexta-feira a Casa Branca.
As sanções, decididas pelas "violações dos direitos humanos na Síria", incluem Maher al-Assad, responsável pelo Exército sírio, assim como Ali Mamluk, chefe dos serviços de inteligência, e Atef Najib, que se apresentou como o ex-chefe de inteligência de Deraa (sul), epicentro dos protestos contra o regime.
Por sua vez, a União Europeia anunciou que dispõe a decretar um embargo de armas e a preparar outras sanções contra o regime de Damasco, em resposta à repressão sangrenta das manifestações no país, informaram nesta sexta-feira fontes diplomáticas em Bruxelas.
Os embaixadores dos 27 Estados europeus, reunidos em Bruxelas, encarregaram nesta sexta-feira seus especialistas da elaboração deste tipo de sanções, o que pode ser feito em pouco tempo, segundo fontes diplomáticas.
Além do embargo de armas, podem ser decretados o congelamento dos bens e a proibição dos vistos para os responsáveis pela repressão.
O Observatório sírio de Direitos Humanos, com sede em Londres, informou sobre 62 mortos nesta sexta-feira, entre eles 33 na província meridional de Deraa, 27 na de Homs (centro) e dois em Latakia (noroeste) e em seus arredores;
Paralelamente, oito soldados e um policial perderam a vida nesta sexta-feira em ataques de "grupos terroristas", anunciou um porta-voz militar citado pela agência oficial síria Sana.
Estas mortes ocorreram durante as manifestações pró-democracia após a oração muçulmana semanal, realizada às sextas-feiras.
Em Genebra, o Conselho de Direitos Humanos da ONU endossou uma convocação dos EUA para uma missão de investigação sobre o derramamento de sangue ao votar a favor de uma resolução condenando a repressão aos protestos.
A resolução "condena de forma inequívoca o uso da violência letal contra manifestantes pacíficos pelas autoridades sírias... e insta o governo sírio a pôr um fim imediato a todas as violações dos direitos humanos".
Antes do derramamento de sangue desta sexta-feira, os dissidentes afirmaram que as forças de segurança, utilizando munições reais e gás lacrimogêneo, já mataram mais de 450 pessoas desde o início das manifestações a favor da democracia, em meados de março.
A convocação para as manifestações em massa foi divulgada em uma página no Facebook, A Revolução Síria 2011, um motor dos protestos através do qual os manifestantes, inspirados por rebeliões em todo o mundo árabe, estão buscando mais liberdade.