Agência France-Presse
postado em 01/05/2011 10:27
O Exército e as forças de segurança sírias executaram neste domingo várias detenções na cidade de Deraa (sul), cercada há uma semana, ao mesmo tempo que os opositores ao regime de Bashar al-Assad convocaram novas manifestações em todo o país. "Desde cedo, apoiados por tanques e carros blindados, vão de um bairro a outro, invadindo as casas e prendendo uma ou duas pessoas de cada vez", afirmou Abdallah Abizad, ativista dos direitos humanos. "Todos os homens com mais de 15 anos podem ser detidos", acrescentou. Segundo Abizad, centenas de pessoas foram detidas desde sexta-feira. "Atiradores disparam contra tudo o que se movimenta, impedindo que os habitantes recuperem seis corpos que estão na rua desde sexta-feira. Também há feridos que não podemos socorrer", disse. "A situação humanitária é muito difícil. Não há água, não há comida, não há energia elétrica", destacou o ativista em Deraa, onde nasceu o movimento contra o regime do presidente Bashar al-Assad há sete semanas.
Desde segunda-feira passada, as forças de segurança cercam a cidade, onde mataram pelo menos 32 pessoas na sexta-feira, quando abriram fogo contra milhares de manifestantes procedentes de cidades vizinhas, que pretendiam entregar alimentos aos moradores. Outras seis pessoas faleceram no sábado em ações das forças de segurança. A cidade de Duma, 15 km ao norte de Damasco, também está cercada.
Com o lema "A semana do fim do cerco", os "jovens da revolução síria 2011" prometeram novas manifestações esta semana: no domingo em Deraa, segunda-feira nos arredores de Damasco, terça-feira em Banias e Jeblah (noroeste), quarta-feira em Homs, Talbiseh (centro) e Tal Kalaj, na fronteira com o Líbano.
Na próxima quinta-feira, os manifestantes querem organizar "protestos noturnos" em todas as cidades. "A liberdade se aproxima inexoravelmente. Este povo que tem sacrificado seus jovens pela liberdade, a conseguirá em breve, em breve", afirma um texto divulgado na internet.
Vários grupos de defesa dos direitos humanos pediram neste domingo a libertação de uma importante figura da oposição, Hassan Ismail Abdel Azim, detido no sábado, apesar do fim do estado de emergência. Abdel Azim, de quase 80 anos, é o secretário-geral do Partido da União Árabe Socialista e porta-voz da Assembleia Nacional Democrático, movimentos da oposição de esquerda.
O Crescente Vermelho (a Cruz Vermelha nos países muçulmanos) enviou equipes para a fronteira síria no sábado. O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) suspendeu um projeto de ajuda de cinco anos ao país, em consequência da atual situação.
Segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos, 66 pessoas morreram na sexta-feira, quase metade delas em Deraa, em manifestações em diversas cidades que defendiam a queda do regimeberço do movimento contra o regime de Bashar al-Assad.
O "Comitê dos Mártires de 15 de março" informou que 582 pessoas morreram desde o início da revolta, mas o governo menciona apenas 148 falecidos, incluindo 78 militares e policiais. Diante da violenta repressão, o governo dos Estados Unidos decidiu adotar sanções econômicas contra o irmão mais novo do presidente, Maher al-Assad, que tem cargo no Exército, e contra outras autoridades do regime. A União Europeia estuda decretar um embargo de armas e outras sanções, segundo fontes diplomáticas.