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Simpatizantes do governante líbio incendeiam embaixada britânica

postado em 02/05/2011 06:00
Manifestantes exibem em Trípoli bandeira norte-americana queimada e rasgada, ao lado de um retrato de Kadafi: temendo represálias, funcionários da ONU deixaram a cidadeA notícia da morte de Saif Al-Arab Kadafi, o segundo filho mais novo do ditador líbio, e de três de seus netos durante um ataque da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) foi o estopim para uma violenta reação das forças leais a Muamar Kadafi e de seus seguidores. Na manhã de ontem (hora local), as embaixadas do Reino Unido e da Itália em Trípoli foram atacadas por manifestantes, enquanto tropas governistas bombardeavam o porto de Misrata, em poder de rebeldes apoiados pela Otan. No fim da noite, três fortes explosões foram ouvidas na capital líbia, depois que aviões sobrevoaram a cidade. O aumento da tensão levou a Organização das Nações Unidas (ONU) a retirar os 12 funcionários que mantinha na capital %u2014 eles cruzaram à noite a fronteira da Tunísia.O governo britânico, em resposta à invasão de sua embaixada, expulsou o embaixador líbio, Omar Jelban. O regime de Kadafi acusou a Otan de tentar assassinar o líder, ao lançar mísseis sobre a casa de Saif Al-Arab. Segundo o porta-voz do governo, Mussa Ibrahim, o objetivo da operação era %u201Cassassinar diretamente o dirigente do país%u201D. Ele ainda afirmou que o coronel e sua mulher estavam no local com outros familiares, mas saíram ilesos. %u201CAcreditamos que agora ficou claro para todos que o que está acontecendo na Líbia não tem nada a ver com a proteção de civis. O que temos é a lei da selva%u201D, disse Ibrahim. Horas antes do ataque, Kadafi havia reafirmado que não renunciará e convidado França e Estados Unidos a negociarem uma solução. A aliança atlântica reconheceu ter atacado %u201Cum posto de comando e controle%u201D na área, mas negou mais uma vez que suas ações %u201Capontem para indivíduos%u201D. Em um comunicado, o general canadense Charles Bouchard, que comanda as operações na Líbia, assegurou que os alvos da aliança são exclusivamente militares e %u201Cclaramente vinculados aos ataques sistemáticos%u201D do regime contra a população. %u201CA Otan está cumprindo o mandato da ONU para deter e prevenir ataques contra civis com precisão e cuidado, não como as forças de Kadafi, que estão causando tanto sofrimento%u201D, afirma o texto. A Otan não confirmou a morte de Saif Al-Arab, 29 anos, que foi, inclusive, questionada por membros da oposição líbia. Para o Conselho Nacional de Transição (CNT), uma espécie de governo provisório criado pelos rebeldes, a suposta morte do filho e dos netos Saif e Carthage, 2 anos, e Mastura, 4 meses, seria %u201Cmais uma mentira%u201D do ditador. %u201CEle quer pressionar a Otan para que interrompa os ataques à capital e demonstrar que a organização quer matá-lo%u201D, disse o porta-voz do CNT, Jalal Al-Galal. Comemoração Muitos rebeldes, contudo, saíram às ruas nas cidades sob seu controle para comemorar as mortes, e o bispo de Trípoli, Giovanni Martinelli, confirmou ao canal italiano Sky TG24 que os quatro haviam morrido. A TV estatal líbia anunciou que os funerais do filho e dos netos do líder serão realizados hoje. Saif Al-Arab era um dos 10 filhos de Kadafi. Os outros são Mohammed, Saif Al-Islam, Al-Saadi, Mutassim, Ayesha, Hannibal, Khamis e o adotivo Milad %u2014 que seria, na verdade, sobrinho do ditador. Hanna, outra filha adotiva, teria morrido durante um bombardeio americano a Trípoli, em 1986 (leia a memória). Partidários de Kadafi revidaram atacando a embaixada britânica, que foi incendiada. El Londres, o chanceler William Hague, condenou o ataque e deu prazo de 24 horas para que o embaixador líbio deixasse o Reino Unido. %u201COs ataques contra missões diplomáticas não debilitarão nossa resolução de proteger a população civil na Líbia%u201D, garantiu. A embaixada italiana também atacada, mas não foi tão danificada.

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