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Ex-companheiro de Bin Laden prevê radicalização da Al-Qaeda

postado em 03/05/2011 12:55
Um ex-companheiro de Osama Bin Laden afirmou à AFP que este último já não controlava a Al-Qaeda, que passará a ser dirigida pelo egípcio Ayman al-Zawahiri, que deve optar por posturas mais radicais.

"Ao matar Osama Bin Laden, os americanos deram um pretexto ideal a Zawahiri, que é ainda mais extremista, para executar operações de vingança", declarou Huthayfa Azzam, de 41 anos, filho de Abdalah Azzam, um dos mentores de Bin Laden.

Huthayfa considera que "Bin Laden havia deixado há vários anos de controlar a Al-Qaeda", que "ficou nas mãos férreas do egípcio Zawahiri".

"O próprio filho de Bin Laden, Omar, me contou quando decidiu voltar a seu país, Arábia Saudita. Explicou-me que tomou esta decisão porque seu pai estava perdendo o controle da Al-Qaeda", completou o jordaniano de origem palestina.

"Ao contrário de Zawahiri, Bin Laden era alguém com quem os Estados Unidos poderiam ter dialogado. Ou por acaso não negocia com palestinos que no passado desviaram aviões ou usaram armas?", questiona.

"Penso que acontecerá um recrudescimento das operações contra o Ocidente e, sobretudo, contra o Paquistão, já que a Al-Qaeda considera que foi este país que matou Bin Laden".

Mas Huthayfa não acredita em atentados nos países árabes, já que a rede percebeu que "este tipo de operação prejudicou sua imagem com a opinião pública árabe".

Filho do chamado "emir dos mujahedines", Huthayfa se afastou da Al-Qaeda há mais de 10 anos.

"Divergências ideológicas me levaram a romper com a Al-Qaeda em 1998, mas mantive relações com Bin Laden, que continuava em contato comigo e com minha mãe", explicou.

Bin Laden abandonou a Arábia Saudita, em 1984, seguindo os passos de Abdalah Azzam, que morreu em 24 de novembro de 1989 no Afeganistão com dois de seus filhos, na explosão de um automóvel.

Huthayfa Azzam acusou o Paquistão de fazer "um jogo de gato e rato com os Estados Unidos", repassando de vez em quando alguma informação sobre membros da Al-Qaeda, mas sem por isso prejudicar de verdade a rede, já que sua estratégia se baseia em fazer durar o máximo possível a ;cooperação; antiterrorista com Washington.

"Os paquistaneses sabem que, quando este problema for solucionado, os Estados Unidos vão lidar com eles, já que são uma potência nuclear que preocupa Washington", destacou.

"Aposto que o Paquistão sabe onde está Zawahiri e não vai dizer nada", afirmou, antes de acrescentar que "era impossível que o Paquistão não soubesse que Bin Laden estava em Abbottabad, em uma zona militar".

"Todos os membros da Al-Qaeda que foram detido ou mortos estavam em zonas militares paquistanesas", afirmou Huthayfa.

A comunidade internacional, sobretudo o Paquistão, teme represálias de células da Al-Qaeda após a morte de Osama Bin Laden.

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