Agência France-Presse
postado em 03/05/2011 15:01
Washington - Os Estados Unidos não informaram ao Paquistão da operação contra Osama bin Laden, por temor de que o país pudesse alertar Osama Bin Laden sobre o ataque iminente, afirmou nesta terça-feira o diretor da CIA, Leon Panetta, em uma entrevista à revista Time.Segundo o chefe do serviço de inteligência americano, encarregado da perseguição ao homem mais procurado do mundo, foi decidido "que qualquer esforço por trabalhar com os paquistaneses poderia colocar em risco a missão: eles poderiam alertar os alvos".
[SAIBAMAIS]A presença de "Gerônimo" - o nome atribuído a Bin Laden para esta operação - no complexo residencial de Abbottabad, a 50 km da capital paquistanesa, não estava totalmente comprovada, confiou Panetta, falando em "provas indiretas".
Os satélites americanos não conseguiram identificar Bin Laden nem nenhum membro de sua família, apesar das investigações que permitiram chegar à fortaleza.
Os analistas da CIA estimavam entre 60% a 80% as possibilidades de o líder da Al-Qaeda estar no local.
A última vez que os Estados Unidos localizaram Osama bin Laden foi no final de 2001, quando se refugiou nas montanhas de Tora Bora, no leste do Afeganistão. Os americanos bombardearam a zona durante várias semanas, mas o chefe da Al-Qaeda conseguiu escapar.
Um bombardeio com aviões B-2, que decolariam dos Estados Unidos para disparar contra a residência de Bin Laden e um "ataque direto" com mísseis de longo alcance Tomahawks, foram opções consideradas, explicou o diretor da CIA.
No entanto, foram logo rejeitadas porque poderiam causar "muitos outros danos", acrescentou.
Na sexta-feira, Panetta acatou a ordem do presidente Barack Obama de que o general William McRaven, comandante das forças especiais do país, enviasse comandos a bordo de helicópteros.
Panetta relatou à revista Time ter dito a McRaven que a missão era "ir em busca de Bin Laden, e se não estivesse lá, todos deveriam abandonar o lugar".
Dois dias mais tarde, quando o general McRaven informou a Panetta, que estava na sala de controle da Cia, na Virginia, que Bin Laden havia sido identificado e abatido no ataque, "saiu de nós um grande ;Uf; de alívio", contou.
Quinze minutos mais tarde, as forças especiais abandonaram o complexo residencial a bordo de helicópteros. Os que estavam na sala de controle da CIA aplaudiram.
Durante a missão, os Navy Seals da Marinha americana recolheram uma "quantidade impressionante" de documentos e equipamentos eletrônicos, confirmou Panetta.
Segundo a Time, os relatos do serviço de inteligência dizem que uma das esposas de Bin Laden que sobreviveu ao ataque explicou que a família vivia na residência desde 2005, ano em que foi construída.