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Paquistão rebate as acusações de apoio à Al-Qaeda

postado em 04/05/2011 10:50
O Paquistão negou nesta quarta-feira acusações feitas por autoridades do Ocidente de que Islamabad ofereceu apoio e refúgio a Osama Bin Laden, denunciando o fracasso dos serviços secretos de todo o mundo na busca e localização do chefe da Al-Qaeda, que estava refugiado em território paquistanês.

Após a morte do cérebro dos atentados de 11 de setembro de 2001 por forças especiais americanas, inúmeras divergências apareceram entre Washington e Islamabad, aliados há dez anos na luta contra o terrorismo internacional.

Pressionado a dar explicações sobre a presença por talvez anos de Osama Bin Laden nos arredores de uma academia militar em Abbottabad, cidade ao norte de Islamabad, o primeiro-ministro paquistanês Yusuf Raza Gilani afirmou que a descoberta do esconderijo mostrou "o fracasso dos serviços secretos no mundo, inclusive o dos Estados Unidos, e não só o do Paquistão".

"Estamos em guerra. Combatemos em uma guerra contra o terrorismo e temos vontade e disposição de lutar contra o extremismo", afirmou em Paris o primeiro-ministro do Paquistão, descartando as acusações de "jogo duplo".

A CIA decidiu entrar apenas no último momento da operação de busca a Bin Laden por receio de que os paquistaneses alertassem o chefe da Al-Qaeda.

"Os comentários feitos sobre faltas de confiança e cooperação são, do meu ponto de vista, um tanto descabidos", ressaltou Salman Bashir, alto funcionário do Ministério de Relações Exteriores do Paquistão.

Mais cedo, as autoridades paquistaneses haviam denunciado o fato de que os Estados Unidos efetuaram a operação contra Bin Laden em seu território sem consulta prévia ao Paquistão.

O primeiro-ministro britânico David Cameron disse que tinha perguntas a fazer ao Paquistão. "O fato de que Bin Laden ter vivido em uma mansão em um bairro residencial mostra que deveria haver uma grande rede de apoio a ele no Paquistão", afirmou.

O ministro francês das Relações Exteriores, Alain Juppé, considerou uma "falta de clareza" na posição do Paquistão, destacando que "é difícil imaginar como a presença de uma pessoa como Bin Laden teria passado completamente despercebida".

Na terça-feira, o presidente do Paquistão, Assif Ali Zardari já havia rechaçado as suspeitas, afirmando que a morte de Bin Laden era resultado de "uma década de cooperação e de relações entre os Estados Unidos e o Paquistão".

No entanto, Washington parece querer evitar um desgaste nas relações com Islamabad e o Congresso dos EUA pondera sobre a supressão da ajuda financeira a este país aliado.

Mais de 48 horas após a operação "Gerônimo", como foi batizada a ação que culminou com a morte de Bin Laden, aparecem novos detalhes sobre a incursão que durou cerca de 40 minutos.

De acordo com Hay Carney, porta-voz da Casa Branca, Bin Laden não estava armado quando foi assassinado. "Durante o ataque, houve uma preocupação porque Bin Laden opôs resistência à ação (...) Bin Laden foi morto a tiros. Ele não estava armado", declarou Carney.

Temendo represálias da Al-Qaeda, a comunidade internacional permanece em alerta.

O ministro francês do Interior, Claude Gueant, advertiu que tanto a França quanto os Estados Unidos devem temer por represálias e um grande desejo de vingança.

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