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Síria: exército entra em Banias e deixa 6 mortos

Agência France-Presse
postado em 07/05/2011 17:50
Damas - Ao menos seis pessoas perderam a vida neste sábado na cidade costeira de Banias (noroeste), um dos focos do protesto na Síria, tomada pelo exército, enquanto a oposição propôs a realização de eleições livres em seis meses para pôr fim à crise.

Quatro mulheres que pediam a libertação de detidos na entrada da cidade perderam a vida após os disparos das forças de ordem, segundo um militante de direitos humanos. Inicialmente, foi informado sobre três manifestantes mortas.

Além disso, outras duas pessoas perderam a vida, afirmou um funcionário do Observatório Sírio de Direitos Humanos.

O exército abriu fogo no fim deste sábado em vários bairros da cidade, de acordo com militantes de direitos humanos. Entre as localidades atingidas encontra-se o bairro de Cornisa, na entrada sul, o mercado e as pontes de Marqb e Ras el Nabee, segundo as mesmas fontes.

"Há dois mortos e vários feridos a tiros, mas não se sabe quem são os autores", declarou à AFP um funcionário do Observatório.

Os serviços de segurança, com ajuda do exército, procediam para deter as pessoas, segundo estas fontes, que asseguraram que havia francoatiradores nos edifícios.

De acordo com estes militantes, carros do exército penetraram durante a madugada de sábado em Banias, uma cidade de 40 mil habitantes na costa mediterrânea, onde as comunicações e a eletricidade ficaram cortadas. Além disso, navios da Marinha patrulhavam a costa, em frente aos bairros do sul de Banias, enquanto a cidade vizinha de Bayda estava cercada de carros de combate.

Durante a tarde, soldados entraram no bairro de Ras al Ein, onde desde os minaretes das mesquitas eram lançados chamados à jihad (guerra santa), segundo testemunhas.

Uma fonte militar havia afirmado mais cedo que "unidades do exército e forças de segurança perseguiram hoje (sábado) membros dos grupos terroristas em Banias (noroeste) e nos arredores de Deraa (sul) para restabelecer a segurança e a estabilidade", afirmou uma fonte militar.

Soldados e policiais "detiveram pessoas procuradas e apreenderam armas que estes grupos utilizaram para agredir o exército e os cidadãos", acrescentou o exército.

Desde o início desta revolta sem precedentes, em meados de março, o regime culpa grupos "criminosos" ou "terroristas" pela violência que atinge o país.

Ao mesmo tempo, um dia após a sangrenta repressão que deixou ao menos 26 mortos em todo o país, a oposição propôs pela primeira vez a realização de eleições "livres" em seis meses para pôr fim aos protestos.

"A solução é simples: pare de disparar nos manifestantes, deixe que ocorram manifestações pacíficas, retire todas as suas fotos e as de seu pai, liberte todos os detidos políticos, instaure um diálogo nacional, autorize o pluralismo político e organize eleições livres e democráticas em seis meses", afirma o texto do grupo "Revolução síria 2011".

Em resposta à repressão do regime de Bashar al-Assad, a União Europeia decidiu sancionar 13 membros da cúpula governante, embora não tenha incluído o presidente até o momento, segundo fontes diplomáticas.

A Casa Branca, em uma de suas reações mais furiosas, advertiu o regime contra "novas medidas" se não puser fim à repressão "brutal" dos manifestantes.

A Anistia Internacional estima que a volência, que "piora cada vez mais, as prisões massivas e os maus tratos infligidos aos detidos não fazem mais do que reforçar a determinação dos manifestantes através do país".

Mais de 8 mil pessoas foram detidas ou desapareceram desde meados de março, segundo ONGs sírias.

A partir do Facebook foi convocada uma manifestação na terça-feira para pedir a libertação dos detidos.

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