Agência France-Presse
postado em 08/05/2011 09:01
Cairo - Os violentos enfrentamentos entre muçulmanos e cristãos registrados na noite deste sábado em um bairro popular do Cairo deixaram 12 mortos e mais de 200 feridos, segundo um novo balanço divulgado pela televisão estatal.O canal cita autoridades do Ministério da Saúde.Ainda de acordo com a TV egípcia, quatro vítimas são cristãs e seis, muçulmanas. Os corpos ainda não foram identificados. A confusão começou quando muçulmanos atacaram a igreja cristã copta de Santa Mina com a intenção de libertar uma mulher cristã que estava, segundo eles, detida por querer se converter ao islã.
Um responsável pela igreja atacada, o padre Hermina, delarou à AFP que os mortos eram coptas e que faleceram em um ataque cometido por "agressores e salafistas (um movimento fundamentalista islâmico) que dispararam contra nós". Um corpo coberto com um lençol com um evangelho depositado por cima jazia na igreja, onde era possível ver rastros de sangue no chão. Militares presentes no local dispararam para o alto na tentativa de separar os dois grupos. Alguns muçulmanos lançaram coquetéis molotov contra os cristãos, constatou um jornalista da AFP.
Os feridos, vítimas de fraturas ou tiros, foram levados de ambulância a quatro hospitais da cidade, de acordo com fontes médicas. Algumas pessoas também atacaram durante a noite outro templo do bairro, a igreja de Virgem Maria, e a incendiaram, indicaram os serviços de segurança. Os bombeiros tentavam apagar o incêndio.
Os coptas, ou cristãos do Egito, representam entre 6 e 10% da população deste país, que supera os 80 milhões de habitantes.
Há meses, as polêmicas sobre a suposta conversão de mulheres cristãs ao islã que foram sequestradas e estariam presas em igrejas e monastérios provoca tensões entre estas duas comunidades.
Várias manifestações convocadas por salafistas ocorreram nas últimas semanas em torno deste tema. A última, na sexta-feira no Cairo, se transformou em um ato de apoio a Osama bin Laden, o líder da Al-Qaeda morto em uma operação americana no Paquistão.
Os dois casos mais sensíveis de supostas conversões no Egito são os de Camilia Chehata e Wafa Constantine, esposas de sacerdotes coptas ortodoxos que estariam presas depois de querer mudar de religião. A Igreja copta desmente o fato.