Agência France-Presse
postado em 08/05/2011 20:00
Washington pediu neste domingo ao Paquistão, uma semana após a morte de Osama Bin Laden, que investigue a "rede de apoios" que permitiu ao líder da Al-Qaeda permanecer escondido durante anos neste país.
"Pensamos que deveria haver algum tipo de rede de apoios para Bin Laden dentro do Paquistão", disse o presidente americano Barack Obama em uma entrevista à rede CBS, que será transmitida integralmente na noite deste domingo.
Islamabad prometeu investigar, mas rejeitou que extremistas islâmicos tenham encontrado ali um refúgio.
Convidado a vários debates dominicais nas principais redes de televisão americanas, seu assessor em temas de segurança, Tom Donilon, também pediu a Islamabad que realize uma investigação, mas tentou não aumentar a polêmica afirmando que nada permite acusar os líderes paquistaneses de ter protegido Bin Laden.
"Não temos nenhuma prova de que o governo de Islamabad soubesse" onde estava o líder da Al-Qaeda, acrescentou à rede NBC. Mas, estimou, "Bin Laden teve redes de apoio em Abbottabad", a cidade próxima a Islamabad onde foi morto por um comando americano no dia 1 de maio.
O embaixador do Paquistão nos Estados Unidos, Hussain Haqqani, assegurou neste domingo que irão "rolar cabeças" de funcionários de alto escalão paquistaneses após a divulgação de que Bin Laden se escondia há anos no Paquistão.
"Cabeças vão rolar assim que terminar a investigação", declarou à rede de televisão CNN.
Sinal de degradação das relações entre os dois países, Donilon indicou que não estava prevista nenhuma visita de Obama ao Paquistão, quando a Casa Branca havia anunciado em outubro que o presidente americano viajaria neste ano ao país.
Islamabad, que considera que sua soberania territorial foi violada durante a operação, ameaçou na semana passada rever sua cooperação militar com os Estados Unidos se voltar a ocorrer um episódio semelhante.
A oposição paquistanesa considera que o presidente Asif Ali Zardari e o primeiro-ministro Yusuf Raza Gilani precisam explicar como foi possível que um comando americano entrasse em seu território nacional ou devem renunciar.
Os Estados Unidos divulgaram cinco vídeos apreendidos durante a operação, em um dos quais é possível ver Osama Bin Laden com barba branca assistindo à televisão por satélite. Sentado no chão, utiliza um controle remoto para passar de um canal para outro, parando nos canais que divulgam imagens suas.
A apreensão de vídeos e documentos (discos rígidos, CD-ROMs, USBs) pelos comandos americanos é considerada a maior já feita contra um chefe da Al-Qaeda, afirmou no sábado um funcionário da inteligência, segundo o qual "Bin Laden continuava sendo um líder ativo desta rede, que dava instruções estratégicas, operacionais e táticas".
Na última gravação antes de ser morto, Bin Laden adverte que não haverá segurança para os Estados Unidos até que os palestinos a tenham, informou um site islamita neste domingo.
"Os Estados Unidos não poderão sonhar com segurança até que vivamos em segurança na Palestina", afirma. "É injusto que vocês vivam em segurança enquanto nossos irmãos em Gaza vivem inseguros".
As reações à morte de Bin Laden prosseguiam durante o fim de semana. Os ataques de sábado contra prédios do governo em Kandahar, no sul do Afeganistão, são "uma vingança" dos extremistas, indicou o gabinete do presidente afegão, Hamid Karzai.
Na Somália, os insurgentes islamitas radicais shebab, que estão coordenados com a Al-Qaeda, prometeram "continuar a guerra santa contra os infieis" e se sacrificar, se necessário.
Na Suíça, o ministro da Defesa, Ueli Maurer, estimou que Obama se colocou no "nível de um terrorista" quando anunciou a morte do homem mais procurado do mundo.
Segundo o jornal Asharq Al-Awsat, uma das sogras de Bin Laden, a mãe de sua primeira esposa, sofreu um derrame cerebral e morreu após receber a notícia da morte do genro.