Agência France-Presse
postado em 10/05/2011 15:43
Damasco - O Exército sírio reforçou o controle dos focos de protesto contra o regime do presidente Bashar al-Assad e efetuou prisões em massa por todo o país, enquanto ativistas pró-democracia convocaram manifestações de solidariedade aos presos."O Exército controla todos os bairros de Banias, noroeste do país, e as detenções continuam também nas cidades vizinhas de Bayda e Marqab", afirma Rami Abdel Rahman, presidente do Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH), com sede em Londres.
Em Banias, as Forças Armadas tentam prender outros líderes da oposição como Anas al-Chaghri, afirmou Rahman.
Desde sábado, mais de 450 pessoas foram presas pelo Exército nesta cidade litorânea, incluindo os líderes do protesto.
Cinquenta militantes políticos foram presos na segunda-feira, entre eles o presidente do clandestino Partido Comunista, Hassan Zahra, e seu filho, na região de Salamiya, centro norte da Síria, segunda a OSDH.
No entanto, cinco figuras da oposição, entre elas o advogado Hassan Abdel e o escritor Fayez Sara, detidos pelos serviços de segurança, foram libertados na noite de segunda e nesta terça-feira, disse o advogado.
De acordo com a ONG, "milhares de ativistas foram presos nas últimas semanas pelas forças de segurança com o objetivo de pôr fim aos protestos" contra o regime de Bashar al-Assad que começaram no dia 15 de março.
Um militante que pediu para não ser identificado afirma ter visto manifestantes sendo detidos em Latakia e no noroeste de Idlebk. Ele não forneceu informações mais detalhadas.
A cidade de Muadamiya, oeste de Damasco, que foi invadida pelo exército na madrugada de segunda-feira, está isolada do mundo, segundo outro militante.
Mesmo com a repressão, o portal "Syrian Revolution 2011" indicou por meio do Facebook que "as manifestações continuarão diariamente" e convocaram para uma "terça-feira de solidariedade com os presos e de consciência sobre as prisões do regime criminoso da Síria".
Na noite de segunda-feira, em Damasco, 200 manifestantes protestaram na praça Arnus, no centro da capital, para exigir o fim do estado de sítio de algumas cidades sírias. As forças de segurança chegaram, dispersaram os manifestantes e prenderam algumas pessoas.
Durante a noite foram ouvidos tiroteios nas cidades vizinhas de Deraa, ao sul, onde o protesto foi iniciado e organizado, segundo um militante.
Apesar do movimento de protestos, o regime do presidente Assad se mantém no poder graças à fraca reação internacional até agora e a fidelidade do Exército, segundo analistas.
Em entrevista ao New York Times, a assessora de Assad Bouthaina Chaabane afirmou que o pior da revolta já passou.
A União Europeia aprovou formalmente um embargo de armas contra a Síria, proibiu a concessão de vistos de entrada nos países da União e congelou os bens de 13 sírios importantes.
O irmão mais novo do presidente, Maher al-Assad, de 43 anos, chefe da Guarda Republicana, lidera a lista das pessoas que sofrerão a sanção
Apresentado como o principal "arquiteto da repressão aos manifestantes" na lista européia, o general Ali Mameluco e o novo Ministro do Interior Mohamad Ibrahim Al Chaar, nomeado no dia 28 de abril, também estão com os bens congelados.
Na terça-feira, o ministro de Relações Exteriores alemão, Guido Westerwlle, não descartou um reforço nas sanções contra a Síria.