postado em 16/05/2011 08:25
PARIS - Da incredulidade à consternação, a imprensa francesa mostrou-se profundamente abalada nesta segunda-feira pela prisão, em Nova York, do diretor gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Dominique Strauss-Kahn, acusado de agressão sexual e tentativa de estupro.A maior questão, no momento, é saber quais serão as consequências deste escândalo para o Partido Socialista (PS), principalmente no que diz respeito às eleições presidenciais de 2012.
"Inacreditável, impensável, impossível", exclamam os editorialistas franceses, que falam em "uma armadilha", um "golpe traiçoeiro", "uma leviandade", descrevendo a situação como cenário de um romance ;noir;, de um filme ruim, de um policial americano - ao mesmo tempo em que indagam: quem se beneficiará com isto?
Christophe Hérigault (A Nova República Centro-Oeste) descreveu o ataque como "o roteiro ideal de um filme muito ruim", enquanto Jerome Glaize (Maine Libre) questiona se Strauss-Kahn "não teria caído em uma armadilha, digna de um policial pouco provável de Hollywood". Didier Louis (Courrier Picard) também menciona "um policial de baixo orçamento", que levará à destruição do político francês.
"Dominique Strauss-Kahn sabia que ele mesmo era seu inimigo mais perigoso. Com DSK de fora, resta um campo em ruínas e a primária (socialista), mais necessária do que nunca", escreveu por sua vez Nicolas Demorand (Liberación).
É evidente que "Dominique Strauss-Kahn não será o próximo presidente da República Francesa", resume Paul-Henri du Limbert (Figaro), acrescentando que "a esquerda vê desaparecer o cenário que os pesquisadores anunciavam, que previa para DSK quase uma eleição ganha em 2012".
"Quem ganha com o escândalo?", pergunta Juan Pablo Brunel (Ocean Press). "O principal beneficiário da provável eliminação de DSK chama-se Nicolas Sarkozy. O presidente vê seu principal oponente com o rabo preso, e o PS na mais incômoda situação, enquanto a opinião pública será obrigada a optar entre um esquerdista suspeito de ataque sexual e um candidato de direita, futuro pai de família, com os laços sagrados do matrimônio", disse.