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Elizabeth II visita local simbólico para nacionalistas irlandeses

Agência France-Presse
postado em 18/05/2011 15:10
A rainha da Inglaterra Elizabeth II visitou nesta quarta-feira o estádio Crocke Park, palco de um massacre praticado em novembro de 1920 pelas forças britânicas durante a guerra de independência, no seu segundo dia de viagem na Irlanda.

Acompanhada pela presidente irlandesa Mary McAleese, a soberana britânica foi recebida no estádio com capacidade para 82.300 torcedores por 34 estudantes vestidos com as cores dos condados irlandeses.

Depois de passar pelos vestiários, onde saudou os atletas locais, a Rainha foi ao gramado do estádio considerado o templo dos esportes gaélicos (futebol gaélico, hurling) e no qual durante muito tempo foram proibidos os esportes ingleses, como o futebol ou o rúgbi.

Elizabeth II manteve uma longa conversa com o presidente da Federação de Esportes Gaélicos, Christy Cooney, no túnel situado sob a tribuna Hogan, batizada em homenagem ao jogador de futebol galês Mick Hogan, uma das vítimas do massacre ocorrido há 91 anos.

O estádio é considerado um santuário para os irlandeses desde o dia 21 de novembro de 1920, quando policiais britânicos atiraram contra o público durante uma partida de futebol que deixou 14 civis mortos.

Este massacre, um dos mais destacados da luta que levou à independencia da Irlanda em 1922, foi organizado em represália a uma operação do IRA (Exército Republicano Irlandês) que horas antes havia deixado 14 mortos entre as forças britânicas.

A presença de Elizabeth II no estádio era um dos momentos de maior simbolismo desta primeira visita de um monarca britânico à Irlanda desde a independência, considerada um passo importante para a reconciliação e a normalização das relações entre os dois países.

Antes, pela manhã, a rainha depositou uma coroa em outro lugar importante, o memorial da Primeira Guerra Mundial, que homenageia 49.400 mortos irlandeses que lutaram ao lado do Reino Unido neste conflito, em um gesto que destaca a importância dos vínculos entre os dois países.

O segundo dia da viagem começou com uma visita à fábrica da famosa cerveja Guinness, uma das principais atrações turísticas do país.

A soberana escutou atentamente as explicações do processo de produção enquanto formavam-se filas de espera. Na hora da verdade, tanto ela quanto o marido resistiram à tentação de experimentar a "bebida nacional".

O casal real partiu, em seguida, para a sede do governo, onde foram hasteadas as bandeiras dos dois países, para uma reunião com o primeiro-ministro Enda Kenny.

A rainha vai terminar o dia com o único discurso previsto da visita, em um banquete no castelo de Dublin, a antiga sede das autoridades britânicas.

Elizabeth II deve aproveitar a oportunidade para destacar a melhoria das relações anglo-irlandesas desde o acordo de paz de 1998 na Irlanda do Norte entre os protestantes unionistas e os republicanos católicos.

O primeiro-ministro britânico David Cameron escreveu nesta quarta-feira no Irish Times que a visita da tainha "não é tanto sobre fechar um capítulo da história, mas é sobre abrir um novo".

Apesar da maioria dos irlandeses ver de forma positiva a visita da rainha, uma minoria tenta impor sua voz, e um grande esquema de segurança tem sido necessário.

O primeiro dia esteve marcado por uma série de alertas de bomba, na maioria falsos, atribuídos à facções dissidentes do, hoje inativo, IRA, opostos ao processo de paz na Irlanda do Norte. Um artefato "possivelmente" explosivo foi apreendido horas antes da chegada da monarca em um ônibus.

A polícia também manteve à distância dezenas de pessoas que protestaram na capital, onde queimaram uma bandeira britânica e soltaram balões pretos enquanto a rainha prestava tributo no Jardim da Memória aos irlandeses que morreram lutando pela liberdade do país.

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